Por Michele de Mello
O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi entregue às autoridades do Departamento Antidrogas dos EUA (DEA) para sua extradição, na última quinta-feira (21). JOH, que está preso de maneira preventiva desde o dia 15 de fevereiro acusado de crimes de narcotráfico, deve ser julgado pela justiça estadunidense.
Hernández foi transportado da capital hondurenha, Tegucigalpa, para Nova York em uma aeronave do Departamento de Justiça dos EUA. Agora o ex-mandatário deverá participar de uma audiência na Corte do Distrito Sul de Nova York.
Llegó el avión que llevará a Juan Orlando Hernández, rumbo a Estados Unidos pic.twitter.com/MUk8ntZIEg
— Gilda Silvestrucci (@Gildasilves) April 21, 2022
Segundo uma nota diplomática enviada, em fevereiro, pela embaixada estadunidense em Tegucigalpa ao Ministério de Relações Exteriores de Honduras, Hernández foi mencionado mais de 100 vezes em depoimentos de narcotraficantes capturados pelas forças de segurança dos EUA. Ainda afirmam que JOH e seus familiares estão relacionados com líderes do grupo narcotraficante Los Cachiros, responsáveis pelo envio de mais de 150 toneladas de cocaína aos EUA entre 2014 e 2021.
A justiça hondurenha aprovou, no dia 16 de março, a extradição do ex-chefe de Estado, no entanto a data da viagem foi mantida em sigilo para evitar tensões que atrapalhassem sua saída.
Em mensagem divulgada nas redes sociais por seus familiares, JOH defende sua inocência. “A verdade é uma força libertadora, quando se revela. Em minha oração e da minha família, peço que a verdade prevaleça no meu caso. Estou sendo submetido a um processo de maneira injusta”, disse.
Quem é JOH?
Juan Orlando Hernández foi presidente de Honduras por dois mandatos pelo Partido Nacional, entre 2014 e janeiro de 2022, quando passou o cargo à Xiomara Castro.
Advogado, vinculado à Opus Dei, Hernández foi um dos apoiadores do golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009. Após assumir a presidência, conseguiu aprovar a possibilidade de reeleição presidencial, sendo novamente eleito em 2017, num processo considerado fraudulento por diversos partidos de oposição e organizações de direitos humanos.
Diante de protestos que contestavam o resultado das eleições, JOH declarou estado de emergência e autorizou o Exército a ocupar as ruas do país. Na época, 30 pessoas morreram e cerca de 800 foram presas. Tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) reconheceram que houve casos de tortura e abuso policial contra os manifestantes.
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