EUA vão retirar sigilo de documentos sobre ditadura militar argentina

Anúncio será feito durante visita de Obama ao país na próxima semana; documentos mostram apoio de autoridades norte-americanas à ditadura militar.

A assessora de Segurança Nacional da Presidência dos EUA, Susan Rice, anunciou nesta última quinta-feira (17/03) que o presidente norte-americano, Barack Obama, irá retirar o sigilo de documentos militares e de inteligência dos EUA sobre a ditadura militar argentina (1976-1983).

“A pedido do governo argentino, o presidente [Obama] anunciará um amplo esforço para retirar o sigilo de mais documentos, incluindo, pela primeira vez, registros militares e da inteligência” norte-americanos, declarou Rice durante um discurso em Washington.

Segundo a assessora, o anúncio oficial será feito por Obama durante sua visita à Argentina, que será realizada entre os dias 22 e 24 de março, dia do 40º aniversário do golpe militar que instaurou a ditadura no país. “Para demonstrar nosso compromisso com os direitos humanos, o presidente [Obama] irá visitar o Parque da Memória [em Buenos Aires], para honrar as memórias das vítimas da ‘guerra suja’ [da ditadura argentina]”, disse Rice.

Em 2002, após pressão de associações argentinas de direitos humanos, o Departamento de Estado dos EUA retirou o sigilo de cerca de 4.700 documentos sobre a “guerra suja” travada pela ditadura militar argentina contra organizações armadas opositoras, partidos e sindicatos de esquerda que deixou 30 mil desaparecidos, segundo estimativas de organizações de direitos humanos.

Na época, os documentos desclassificados foram entregues pela embaixada dos EUA às Avós da Praça de Maio e foram usados como prova de que existia um plano sistemático de apropriação de bebês nascidos de militantes opositoras presas durante a ditadura.

Os registros ajudaram a revelar que autoridades norte-americanas estavam bem informadas sobre o que estava acontecendo na Argentina. Em uma conversa de 1976 entre Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA, e César Augusto Guzzetti, então ministro de Relações Exteriores Argentino, Kissinger expressa o apoio do governo dos EUA às atrocidades perpetradas pelas autoridades argentinas. “Se há coisas a serem feitas, você deve fazê-las rapidamente”, disse o secretário de Estado norte-americano a Guzzetti.

Obama chegará a Buenos Aires na noite da próxima terça-feira (22/03), procedente de Cuba, e ficará no país até quinta-feira (24/03), aniversário de 40 anos do golpe militar na Argentina. Esta será a primeira visita oficial de um presidente norte-americano ao país em quase 19 anos. 

Foto: Reprodução/Opera Mundi

Fonte: Opera Mundi

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