Estudantes desocuparam Escolas Estaduais e Instituto Federal nesta madrugada em São Miguel do Oeste/SC

Por Claudia Weinman e Pedro Pinheiro, para Desacato. info. 

Na madrugada desta quarta-feira, da 14 de dezembro de 2016, estudantes do Colégio Estadual Dr. Guilherme José Missem, Escola Estadual Básica São Miguel e Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), campus de São Miguel do Oeste/SC, realizaram o ato de desocupação dos espaços. Nas escolas estaduais, os estudantes permaneceram durante três semanas ocupando os espaços onde realizaram oficinas, debates e rodas de conversa junto aos apoiadores e comunidade. Já no Instituto Federal foram 37 dias de luta.

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Estudantes do Instituto Federal celebraram os 37 dias de ocupação.

Conforme a Estudante e uma das representantes do Movimento no Instituto Federal, Vanderleia Pedrotti, a decisão de desocupar o espaço foi tomada em assembleia coletiva nesta semana. Segundo ela, o movimento considera que existe um novo momento a ser pensado que devem seguir novas estratégias e juntar mais forças. Ela contou para o Portal Desacato um pouco sobre a experiência dos estudantes na ocupação. “Muitas vezes tivemos vontade de ir embora, mas, ao mesmo tempo, sempre tivemos como fundamento o ato de lutar pelo que é nosso, pela Educação Pública. É muito simbólico o que fizemos aqui, mostrando para os demais estudantes, servidores, Direção, comunidade externa e para nossas famílias que não estamos na sala de aula apenas para absorver o que nos impõe, mas que somos capazes de mover lutas em defesa de nossos direitos”, disse ela.

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Cartazes foram colocados na Escola Guilherme José Missem como símbolo da resistência na ocupação.

A Estudante do Colégio Estadual Dr. Guilherme José Missem, Fabiula Fergutz, enfatizou que os estudantes deixaram o espaço de ocupação com símbolos de resistência expostos pela escola, como cartazes com dizeres em defesa dos direitos. Segundo ela, esse não é um ‘fim’ e sim o começo para novas lutas. “Agora precisamos somar em outros espaços e com mais pessoas para lutar contra esse grande golpe. Aprendemos muito com a convivência em grupo. Enfrentamos dificuldades com a perseguição de parte da Direção da escola mas resistimos. Continuaremos denunciando e anunciando as novas tarefas que vamos ter daqui para frente”, explicou.

Os estudantes da Escola Estadual Básica São Miguel, Henrique Xavier e Rivaldo Schaeffer, também falaram sobre o processo de ocupação. “Participamos de um seminário sobre a ‘Lei da Mordaça’ em Xanxerê nesse último período e voltamos de lá já com a ideia de ocupar a escola no outro dia. No entanto, resolvemos primeiro estudar mais sobre a PEC 55, a MP 746/2016 e outros ataques aos nossos direitos e a partir disso nos organizamos para fazer a luta”, disse Schaeffer.

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No Colégio São Miguel os Estudantes também elaboraram cartazes com dizeres sobre a luta.

Henrique Xavier acrescentou ainda que foram realizadas diversas atividades como oficinas, rodas de conversa para construção de momentos de formação, essenciais segundo ele, para a vida dos estudantes. Ele também destacou que a ocupação no Colégio São Miguel está ligada a uma cobrança que os estudantes e a comunidade em geral vem fazendo há tempos devido ao abandono das obras na escola. “Não queremos uma escola sucateada e por isso permanecemos nessas três semanas fazendo luta. Isso que fizemos aqui é apenas o começo da luta”, acrescentou.

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Carta para a sociedade

Durante a madrugada de desocupação os estudantes divulgaram uma carta explicando as razões de estarem deixando as ocupações. Nela, colocaram informações sobre as pautas de luta e como o movimento deve prosseguir nesse próximo período. Ao final fizeram um agradecimento aos apoiadores/as do movimento de ocupação.

“Ao deixarmos as ocupações provisoriamente, gostaríamos de dizer que nossa ‘saída’ é digna de quem se preocupa e luta. Somaremos nas ruas onde a multidão terá que ser maior para derrubar o golpe. Agradecemos a cada um e cada uma que contribuiu com esse processo de luta que para nós está apenas iniciando. Já fizemos muitos enfrentamentos nesse último período e estamos dispostos a fazer mais e somar forças com todos/as que acreditam em uma sociedade diferente. Nossos direitos estão sendo deturpados por isso a luta é necessária. Nos encontramos logo mais, à frente”.

A carta pode ser conferida na íntegra no link: http://wp.me/p4tIIo-BZ7.

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