Estados europeus acentuam ingerência e reconhecem Guiadó


Encontro do Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, e do Secretário de Estado norte-americano Michael Pompeo, em Washington, junho de 2018. Foto: US Department of State

De momento, a lista de países europeus que já anunciaram o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela engloba Portugal, França, Estado espanhol, Reino Unido, Áustria e a Suécia. Outros países, como a Alemanha e a Holanda, devem também dar seguimento ao ultimato que lançaram.

A tentativa de um reconhecimento oficial por parte da União Europeia (UE) foi bloqueada pela Itália, que usou o seu poder de veto para bloquear a decisão. A interferência nos assuntos internos da Venezuela não é de todo consensual, o que levou aos reconhecimentos em separado.

A ingerência dá seguimento ao ultimato lançado a 26 de Janeiro por vários estados da UE que, à revelia do direito internacional e em desrespeito pela ordem constitucional vigente, deram oito dias ao presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, para convocar o que chamam de «eleições livres e transparentes».

A UE ameaçou que, se tal não acontecesse, reconheceria o autoproclamado Guaidó «como presidente da Venezuela», obviando o facto de, em maio, o povo venezuelano ter eleito Nicolás Maduro com mais de 67% dos votos, num acto eleitoral em que participou uma considerável parte da oposição.

O acto eleitoral, que se tratou de uma antecipação das eleições presidenciais, no seguimento das negociações com a oposição e do «acordo de convivência», ambos mediados pelo ex-primeiro ministro espanhol José Luis Zapatero, não teve a participação do partido de extrema-direita de Juan Guaidó.

Ultimato é da «época dos impérios, das colónias»

Este domingo, o presidente Nicolás Maduro, numa entrevista ao programa “Salvados” da estação espanhola La Sexta, voltou a acusar a UE de ter uma postura colonialista e de estar em linha com a intentona organizada pela administração de Donald Trump.

«Não aceitamos um ultimato de ninguém. É como se eu dissesse à UE: dou sete dias para reconhecer a República da Catalunha, ou se não vamos agir. A política internacional não pode ser baseada em ultimatos. Essa é a época dos impérios, das colónias», denunciou.

Para Nicolás Maduro, a autoproclamação de Guiadó foi claramente orquestrada pela administração de Donald Trump, dando continuidade ao plano de golpe, que tem sido fomentado com sanções com vista a estrangular a economia frágil da Venezuela. E deixou uma mensagem clara ao presidente norte-americano.

«Querem voltar a um século XX de golpes militares, de governos fantoches subordinados aos seus comandos e de saque aos nossos recursos naturais. Esse tempo acabou: o século XXI está avançando. A América Latina e o Caribe não voltarão a ser o quintal dos Estados Unidos» reiterou.

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