A tragédia na fronteira entre Melilla e Marrocos foi ainda pior do que a mídia noticiou ontem, já que o número de migrantes subsaarianos falecidos subiu para 37, segundo organizações não governamentais, enquanto as autoridades marroquinas aumentaram o número de mortes de 18 a 23. Cerca de mais 35 pessoas continuam internadas no hospital de Nador com um prognóstico “grave”, um dia depois de centenas de imigrantes, a maioria deles do Sudão, tentarem entrar em território espanhol com um salto maciço sobre a cerca da fronteira.
A reportagem é de Armando G. Tejeda, publicada por La Jornada, 26-06-2022.
Strage di migranti a Melilla, la denuncia shock delle organizzazioni umanitarie https://t.co/akCjxs3ydD via @repubblica
— IHU (@_ihu) June 26, 2022
Circularam ontem imagens de um jovem de 20 anos que permaneceu pendurado no alto da cerca da fronteira, apesar do arame farpado e do sistema de eletrificação. Do lado marroquino, dois agentes tentavam fazer com que ele saísse jogando pedras nele. O migrante evitou-os o melhor que pôde. Finalmente, ele desceu da cerca e foi empurrado por policiais marroquinos para onde cerca de 500 outros imigrantes estavam deitados no chão e amontoados.
Mapa da Espanha, com destaque aos enclaves Ceuta e Melilla, que se localizam no norte da África, no território do Marrocos. Fonte: Wikicommons
As ONGs conseguiram obter informações em hospitais, delegacias e com os próprios migrantes, e relataram que a maioria dos mortos morreu ao cair da cerca da fronteira ou asfixiada na debandada. Os maus-tratos policiais também foram denunciados e que durante as primeiras horas da crise, os migrantes gravemente feridos não receberam atendimento médico.
A ONG Walking Borders informou que já havia 37 mortos e 35 internados em estado grave. A sua porta-voz, Helena Maleno, alertou que é muito provável “que o número de mortos aumente nas próximas horas”. A Associação Marroquina de Direitos Humanos estimou as mortes em 28. Enquanto o governo marroquino negou categoricamente que dois policiais estivessem entre os mortos.
A delegação do governo espanhol em Melilla informou que 133 migrantes subsaarianos pularam a cerca. Todos eles permanecem detidos em um centro de detenção. Além disso, foi relatado que, pelo menos do lado espanhol, foram registrados 106 ferimentos leves, 57 eram migrantes e 49 agentes da Guarda Civil.
Monseñor Santiago Agrelo, arzobispo emérito de Tánger (Marruecos), sobre la #MasacreEnMelilla:
"Yo no puedo decir que los gobiernos de España y Marruecos tienen las manos manchadas de sangre (…) No lo puedo decir, pero lo puedo pensar, y es lo que pienso". #Melilla pic.twitter.com/ky2lW3kBZh
— Israel González Espinoza (@israeldej94) June 27, 2022
BOLA EXTRA: En la Plaza del Callao (Madrid) quedan unas flores y unas pancartas en homenaje a l@s compañeros masacrados en la valla de Melilla. pic.twitter.com/RgJKLS6j9h
— CTXT (@ctxt_es) June 26, 2022
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, elogiou a ação policial e disse que “as máfias são responsáveis pelo violento ataque à integridade territorial, então se há um responsável por tudo o que aconteceu naquela fronteira, são as máfias que traficam seres humanos”.
Pedro Sanchez elogia “el extraordinario trabajo de las fuerzas de seguridad marroquíes”, un trabajo que dejó cerca de 20 muertos y un centenar de heridos, está claro que si no son Ucranianos no son humanos ni merecen un trato con un mínimo de dignidad. Bravo gobierno progresista! pic.twitter.com/gv7QtBjT1f
— Taleb Alisalem (@TalebSahara) June 25, 2022
Na sexta-feira, Sánchez assegurou de Bruxelas que o assalto “foi bem resolvido”, referindo-se à resposta da polícia.
Concentração de protesto na praça Idrissa Diallo (Foto:Eprodução | Twitter)
Mapa das fronteiras de Marrocos e Espanha, ao norte da África. Os enclaves espanhois Ceuta e Melilla, fazem fronteira com Tânger e Nador, respectivamente.