Na esteira da “militarização” do ensino, ideia federal encampada pelo governador Wilson Witzel (PSC), a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) do Rio de Janeiro alterou o nome de várias escolas, que deixaram de homenagear personagens da cultura, da cidadania e do esporte para destacar sargentos, cabos e subtenentes da Polícia Militar. Segundo a secretaria, tratam-se de colégios “vocacionados ao Ensino Cívico-Militar”. As mudanças foram publicadas na edição de segunda-feira (27) do Diário Oficial fluminense, em resoluções assinadas pelo secretário Pedro Fernandes.
Na lista, estão nomes como a da escritora Rachel de Queiroz, autora do clássico O Quinze, entre outras obras. O colégio que levava o seu nome, na Ilha do Governador, passa a se chamar Colégio Estadual Cabo PM Elisângela Bessa Cordeiro, que também muda de endereço e sai da cidade do Rio para o município de Areal.
Outro que perdeu a referência foi o jogador Carlos Alberto Torres, capitão da seleção brasileira tricampeã de futebol na Copa de 1970. A escola agora se chama Subtenente PM Cláudio Hentzy Ferreira, e também sai da capital para o município de Santo Antônio de Pádua.
O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony dava nome a um colégio estadual em Cabo Frio, que agora é Cabo BM Flávio Uanderson Rodrigues de Freitas. O estabelecimento mudou para Três Rios.
BNCC com segurança
A ativista Zilda Arns, médica e sanitarista, irmã do cardeal Paulo Evaristo, também deixa de ser homenageada. A escola que ficava no bairro de Guaratiba, no Rio, foi para a cidade de Cordeiro, agora com o nome de Colégio Estadual 2º Tenente BM Sérgio Rodrigues da Silva.
O compositor Luiz Melodia não escapou da onda e não dá mais nome a uma escola na Avenida Brasil, bairro de Parada de Lucas, no Rio. O agora Colégio Estadual 1º Sargento BM Luiz Carlos Gonçalves Fischer foi para a cidade de Carmo.
Ao jornal Extra, o secretário de Educação disse que o estado não poderia criar unidades e, por isso, aproveitou a estrutura de estabelecimentos fechados em administrações anteriores. Um projeto para regulamentar a atividade (PL 1.667, encaminhado pelo Executivo em novembro) está na Assembleia.
“Nessas escolas, os alunos terão as disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com aulas ministradas por professores da rede pública estadual. Os estudantes também aprenderão conhecimentos específicos dos órgãos de segurança parceiros desta iniciativa”, disse Fernandes, segundo nota no site da secretaria.