Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
No ano passado eu estava com ele, meu pai, o Aristides. Escrevi esse texto depois de algumas tentativas para manter ele alegre ali, ao redor do fogão. Nesse ano, com o frio que congela e castiga nosso povo, a pandemia me coloca na distância e não é possível repetir a cena. Mas eu divido com vocês, esse texto, com as palavras que abraçam minha saudade e falam assim:
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Antigamente não tinha dessas coisas. Depois quando teve, o acesso não era pra todo mundo.
Daí hoje, fui trabalhar na casa da mãe, de mala e cuia como diz o ditado. Botei o computador na mochila e a bolsinha cheia de coisarada pra usar em dia de edição.
A mãe deu uma saída. O pai dormiu quase a tarde toda. Também, frio, chuva, levantar pra quê né. Mais de tardinha, ele veio sentar-se ao lado do fogão à lenha, comeu a bolachinha salgada, tomou o remédio de canudinho no copo e por ali ficou. Quase fechando os olhos de preguiça pelo tempo chuvoso. Daí pensei: “Preciso animar esse garoto”.
Peguei meu celular, busquei no YouTube os episódios do Chaves e arrumei as mãos dele para que segurasse o aparelho.
Uma risada só daí para adiante. Vez ou outra o dedo resvalava e o vídeo “caía fora”. Lá vamos nós arrumar de novo. Arruma as mãos, ajeita os dedos.
Depois de alguns minutos pensamos em outra solução. Escoramos o celular na cadeira e pronto. Não é que funcionou?
A cozinha virou cinema.
Que dê tempo de fazer tudo de novo.
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Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).
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