Entidades da Rede de Controle da Gestão Pública repudiam PL que tira poderes do TCE e do Ministério Público de Contas

    Via Sara Caprário. 

    As entidades que compõem a Rede de Controle da Gestão Pública de Santa Catarina* vêm a público manifestar seu repúdio ao ato de aprovação do PLC 13/2015 pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

    Um dia após o Dia Internacional de Combate à Corrupção (9/12), em um ataque sem precedentes na história republicana catarinense, a Alesc editou Lei que enfraquece substancialmente o controle externo a cargo do Tribunal de Contas (TCE/SC) e do Ministério Público de Contas (MPTC).

    O referido Projeto de Lei retira a autonomia administrativa do Ministério Público de Contas que existe há 15 anos, deixando-o dependente do Poder Executivo para exercitar sua tarefa de fiscalizar o próprio Poder Executivo. Para relembrar algumas das ações do MPTC: relatório sobre situação da Ponte Hercílio Luz, farra das diárias na Alesc, entre outras auditorias que revelam o mau uso do dinheiro público.

    Os conselheiros-substitutos, únicos magistrados escolhidos por concurso público de elevadíssimo grau de dificuldade, foram reduzidos à condição de “estagiários” dos conselheiros, escolhidos politicamente pela própria Alesc ou pelo Poder Executivo.

    Segundo as entidades que compõem a Rede de Controle, as normas fundamentais para o controle do gasto do dinheiro público foram alteradas para tornar mais difícil a investigação e a condenação de maus gestores.

    Na Nota de Repúdio divulgada ontem (14/12) por várias entidades e pela própria Rede de Controle, destaca-se que é  “emblemático que mudanças dessa natureza ocorram exatamente quando o Tribunal de Contas e o Ministério Público de Contas apuram elevadas despesas, aparentemente irregulares, realizadas pela Assembleia Legislativa ou por alguns de seus Deputados. Exatamente no momento em que o país está, perplexo, às voltas com seguidas descobertas de esquemas de corrupção, cabe ainda a reflexão sobre a quem interessa enfraquecer os órgãos de fiscalização e controle do dinheiro público”.

    A sociedade catarinense não aceitará tamanho retrocesso, que, nos dias atuais, converte-se em inaceitável atentado aos mais caros princípios desta República.

    Outras manifestações

    Favoráveis ao envio do ofício ao governador Raimundo Colombo, proposto pelo auditor do TCE/SC Gerson Sicca, os conselheiros Julio Garcia, Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, Wilson Wan-Dall e Luiz Eduardo Cherem, além da auditora-substituta de conselheiro Sabrina Nunes Iocken, defenderam a necessidade do diálogo com o Executivo estadual. O presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais de Controle Externo, Sidnei Silva, também se posicionou contrário ao substituto global.

    O Projeto de Lei vai agora para o governador que poderá sancioná-lo ou vetá-lo parcial ou integralmente. Os vetos serão apreciados pelos deputados estaduais, em nova votação. Caso o projeto de lei seja mantido, o TCE/SC e o MPTC ingressarão com medidas judiciais junto ao Supremo Tribunal Federal, assim como entidades que já se manifestaram nesse sentido: Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil), a Audicon (Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas) e e Ampcom (Associação Nacional dos Ministérios Públicos de Contas).

    *Entidades que compõem a Rede de Controle da Gestão Pública em Santa Catarina:

    1. Advocacia-Geral da União
    2. Caixa Econômica Federal – Superintendência Regional/Florianópolis
    3. Conselho Regional de Contabilidade (Santa Catarina)
    4. Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Santa Catarina)
    5. Controladoria-Geral da União – Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina
    6. Federação Catarinense de Municípios
    7. Ministério da Fazenda – Gerência de Administração em Santa Catarina
    8. Ministério Público de Santa Catarina
    9. Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Santa Catarina
    10. Associação Nacional do Ministério Público de Contas — representantes do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Santa Catarina
    11. Superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina
    12. Superintendência do Patrimônio da União no Estado de Santa Catarina
    13. Tribunal de Contas da União
    14. Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina

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