Por Juliana Bonassa e Solange Engelmann.
Cultivemos flores em todos os cantos,
Sem medo do encontrar de raízes,
Porque o brotar das diversas flores é um atalho para a liberdade,
Assim como Che, só saberemos o que é ser livre quando respiramos os ares das lutas que conquistamos!
Há 51 anos, um médico argentino, jornalista, escritor, diplomata e líder revolucionário jovem, que lutava junto aos trabalhadores pobres da América Latina, chamado Ernesto Che Guevara foi brutalmente assassinado pelas forças militares bolivianas, a mando da Central Intelligence Agency (CIA). A mesma agência de inteligência civil do governo dos Estados Unidos.
Manter Che vivo, após ter sido capturado, era visto como uma ameaça pelos EUA para novas lutas populares no continente. Por isso ele foi friamente assassinado.
A foto tirada do corpo de Che Guevara, já sem vida, foi divulgada pela imprensa do mundo, com a intensão de mostrar aos povos a eliminação da luta contra o imperialismo e pela libertação dos povos na América Latina e Caribe. A morte do corpo do revolucionário, era apresentada simbolicamente, como a eliminação da luta por liberdade.
Mas, o povo, que sempre se traduz em resistência, não se curvou. A imagem de Che e seu legado se espalharam pelo mundo e seguem inspirando várias gerações de jovens, desde a década de 1960. Seu exemplo se transformou em um movimento permanente que mistura curiosidade, admiração e também repulsa contra as injustiças no mundo.
Após a revolução vitoriosa em Cuba contra o ditador Fulgencio Batista, em 1959, Che seguiu a luta internacionalista na África e na América Latina. E foi assassinado nas montanhas bolivianas, em 1967.
O que explica a sensibilidade de alguém como Che Guevara em colocar a sua vida em função de um sonho de liberdade pela humanidade? Essa tal liberdade é possível e vale tudo isso?
Baseado nos valores que têm ganhado força na sociedade atual, do individualismo e do lucro, tendemos a pensar: o que ganhamos em troca desse esforço? No pensamento vigente de grande parte dos brasileiros domina a ideia de que no Brasil ninguém faz nada e nem luta por algo, sem tirar algum tipo de proveito ou ter algum interesse particular.
O tema da corrupção e dos desvios políticos sufoca qualquer voz ou prática de luta por algo tão vital como a justiça social. Mas, se buscarmos na história veremos que esse tipo de pensamento não é exclusivo de nosso tempo.
Na história de luta, entre os povos que têm e os que não têm, ou seja, entre as elites ricas e os trabalhadores, prevalece a versão e a propaganda oficial que tenta construir um pensamento único, que julga e penaliza os povos que não conseguem aceitar e naturalizar as injustiças.
Nessa história, que sim, tem dois lados, a humanidade vivenciou momentos sangrentos, momentos de negociação, de trégua, mas nunca deixou de lutar.
O momento atual, que nos tocou viver no Brasil, se desenvolve em meio a uma enxurrada de informações, das mídias sociais e da imprensa tradicional (grandes redes de TV, jornais, revistas e rádios), serviços de mensagens instantâneas e telefonia móvel, ou seja, no celular.
Mesmo com essas novas ferramentas tecnológicas de informação, perdemos a capacidade de dialogar entre nós. De conversarmos entre os trabalhadores e as pessoas que não fazem parte das elites ricas, ou seja, entre nós que temos pouco para sobreviver ou que precisamos trabalhar duro, para garantir o salário no fim do mês.
Mas o que a figura de Che Guevara tem a ver com os dias atuais, no Brasil? Tudo.
A luta por mudanças deixa marcas e lições para a eternidade. E por mais que os poderosos tentem apagar, elas permanecem como pegadas de esperanças na alma e ideias dos oprimidos.
Em tempos em que tudo parece sem sentido, a primeira lição é a de que vale lutar pela justiça social. Pelo simples motivo de que somos seres humanos e merecemos viver bem e com dignidade.
O exemplo de luta de Che Guevara nos ensina que não devemos naturalizar nenhum tipo de violência “contra nenhum ser humano, em nenhum lugar do mundo”. Não importa onde seja, ou se esse tipo de violência seja psicológica ou simbólica.
Deveríamos aprender na escola que não existe nenhuma desigualdade que não seja possível de ser revertida. E também, que nenhuma mudança que beneficie as pessoas que têm menos – os trabalhadores – não cairá do céu ou será concedida por algum “messias”. A história ensina que isso não deu certo em nenhum lugar do mundo. Depende de nós, e juntos provocarmos as mudanças que desejamos para a nossa sociedade.
É preciso assumir uma postura ativa e participativa – a simples reclamação, pelo cidadão não é capaz de gerar mudanças.
Os ensinamentos de Che Guevara nos mostram a importância de praticar o diálogo, cultivar a liberdade e a solidariedade entre nós – os trabalhadores que têm menos – ou que temos que lutar desde sempre, para ter o suficiente para viver de forma digna. Não podemos permitir, jamais que nos tirem o direito de sonhar e de lutar!