A Educação é a área mais atingida pelos cortes orçamentários do presidente Jair Bolsonaro, conforme o decreto nº 10.686, assinado ontem e publicado hoje (23). O Ministério da Educação teve R$ 2,7 bilhões bloqueados, o equivalente a 30% do total bloqueado, que corresponde a R$ 9,2 bilhões.
Defensores da educação?
“Mais uma vez a Educação é a área que mais sofre cortes com a seção da Lei Orçamentária de 2021. E ainda querem se dizer defensores da educação como serviço ‘essencial’. Bolsonaro é genocida e inimigo da Educação”, afirmou a União Nacional dos Estudantes (UNE) por meio de suas redes sociais.
Para a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a medida é absurda e um alerta de retrocessos. “Além dos cortes de 18% no Orçamento, o Ministério da Educação terá mais 2 bilhões de contingenciamento ordenado pela dupla Bolsonaro/Guedes. É um absurdo! Vamos à luta contra o apagão da Educação e da Ciência”.
Em entrevista ao Congresso em Pauta, a coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, disse os vetos e bloqueios só dificultarão a volta segura às escolas. E lembrou que, na proposta inicial da lei orçamentária, o ministério teria R$ 144,5 bilhões. O valor sancionado foi de R$ 75,6 bilhões.
“Isso mostra mais ainda como é totalmente incoerente a aprovação do Projeto de Lei (PL) 5.595/2020, porque sequer temos orçamento público para garantir escolas seguras. Para garantir salários, obras de infraestrutura para retorno seguro e para alimentação escolar, por exemplo, precisávamos de um orçamento de R$ 181,4 bilhões”, afirma.
Fiocruz
Embora tenha sido poupado do contingenciamento, o Ministério da Saúde teve R$ 2,2 bilhões de seu orçamento vetados. Os programas que perderão recursos são a adequação de sistemas tecnológicos, ações de pesquisa e desenvolvimento, manutenção de serviços laboratoriais, assistência farmacêutica e até construções de sedes regionais da Fiocruz.
Já o que mais perdeu com veto é o Ministério do Desenvolvimento Regional. De um total de R$ 19,8 bilhões em gastos contingenciados por Bolsonaro, a pasta teve corte de R$ 8,6 bilhões, conforme órgão assessor do Senado.
Defesa e Meio Ambiente
O bloqueio do MEC é mais que o dobro daquele imposto ao Ministério da Defesa, que teve bloqueio de R$ 1,3 bilhão.
De todos os ministérios, apenas o da Saúde e do Meio Ambiente não tiveram verbas bloqueadas. A Saúde está excluída do teto de gastos por causa da pandemia de covid-19. Já a pasta de Ricardo Salles deve ter o orçamento dobrado nas áreas de fiscalização ambiental. Ontem, em discurso na Cúpula de Líderes do Clima, Bolsonaro afirmou que dobraria o recursos para este setor.