Editorial: O governador Carlos Moisés precisa responder pela truculência da PM

Foto: Luis A. Rodrigues

A democracia brasileira, em pleno século XXI, precisou de cartas afirmativas, e de defesa explícita e necessária, de parte do povo brasileiro no dia de ontem, Dia do Estudante. A expressão enfática de diversos setores da sociedade, ante as constantes manifestações e atitudes antidemocráticas do presidente da república e integrantes do seu governo, demostrou como o povo está angustiado pelo temor de perder o elemento fundamental do seu contrato social, a Democracia.

Nesse clima de afirmação e desabafo coletivo, Santa Catarina viveu uma manhã de harmonia e encontro de diversas entidades e organizações da vida política e social do Estado, com cenário nas universidades federais catarinenses, UFSC e Fronteira Sul. O Portal Desacato esteve presente cobrindo ambas manifestações que se somaram ao que aconteceu nas principais capitais do país.

Pela tarde, nosso veículo foi cobrir uma pacífica manifestação programada por distintos coletivos nacionais e locais dos e das estudantes. O ato que começou no Largo da Alfândega foi ordeiro, pacífico, muito representativo e inclusivo, e as nossas e nossos companheiros levaram isso para a audiência, ao vivo, sem intervalos, a partir das 17h.

No entanto, quando transcorria exatamente 1 hora e 51 minutos da nossa transmissão pelo Canal Youtube do Portal Desacato, fomos surpreendidos pelo começo da ações inusitadas da Polícia Militar perseguindo uma jovem estudante, franzina, de óculos e encurralando ela contra uma parede. Nossos repórteres acompanharam esse novo despropósito da PM, inclusive, tentando, no caso da nossa companheira Elenira Vilela, de dialogar com a polícia sobre a descabida atitude, junto com o vereador Marcos José de Abreu. Nosso companheiro repórter e cinegrafista Luis Rodrigues e nosso cooperado Paulo Horta gravaram imagens incríveis para um estado que se pretenda minimamente democrático.

Em decorrência desse vandalismo policial com tiros de balas de borracha atingindo o corpo das pessoas, gás de pimenta, uso da cavalaria e outros despropósitos, nossa companheira Elenira Vilela resultou atingida numa perna, nosso companheiro Luis Rodrigues viu uma espingarda calibre 12 apontando na sua direção e outra companheira cooperada, Patrícia Egerland, foi vítima leve de estilhaços na sua perna. Nossa companheira Ingrid Sateré Mawé, solidariamente, acompanhou ao hospital dois jovens atingidos pelas balas de borracha, um dois quais recebeu pronto atendimento. A jovem estudante injustamente presa, no momento de escrever este texto, ainda está detida e será julgada esta tarde.

Ante estes fatos deploráveis, nosso veículo de comunicação e a Cooperativa Comunicacional Sul, exigem por esta via, o público esclarecimento dos fatos por parte do governador do Estado de Santa Catarina, Sr. Carlos Moisés, que é o responsável, ou ao menos deveria ser, desse circo de horrores que a corporação militar exibiu ontem nas ruas de Florianópolis.

Exigimos do governador e do comandante da corporação, respeito ao desempenho dos jornalistas e comunicadores sociais, e explicações dessa bárbara truculência que atenta contra os direitos de expressar-se e comunicar consagrados na nossa carta magna. Exigimos também uma declaração de desculpas aos nossos profissionais e abrimos nosso espaço para tanto. Também, e de forma veemente, como cidadãs e cidadãos, declaramos nossa irrenunciável defesa da Democracia, a Constituição e do direito a exercer, em plenitude, o dever de informar à população. Finalmente, a Cooperativa Comunicacional Sul e o Portal Desacato se unem a todas as declarações de repúdio expressadas perante este ato dissociado da paz e da democracia, exigindo a soltura imediata da estudante ainda presa sem sentido algum. Nos perguntamos: se uma estudante é presa por fazer uma pequena pichação, que deveria acontecer com quem estimula a destruição da Amazônia e permite a morte de quase 700 mil brasileiros por descaso e negação da ciência?

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