Por James Ratiere, para Desacato. info.
Sempre gostei pensar sobre relacionamentos, essas coisas complexas que insistimos colocar em caixinhas. Já escrevi muito sobre começos, términos e recomeços, e gosto de colocar uma música pra escutar e me inspirar naquele cantor. Oswaldo Montenegro é um dos caras que admiro pela poesia e voracidade artística. Tenho 30 anos, ele 63, conheci-o a primeira vez que vim a Florianópolis, quando meu pai começava a estabelecer a vida na cidade. Duas paixões a primeira vista, a ilha e o cantor. Nunca tinha escutado alguém tão poético (até porque naquela época meu repertório se condiciona a aos hinos da igreja que frequentava), então passei a consumir a poesia e arte do mestre.
Este final de semana Oswaldo esteve em Florianópolis, e foi a primeira vez que pude ter a oportunidade de vê-lo de perto (obrigado pai pelo presente!).
Foi sensacional lembrar dos meu 14 anos, quando escutando “Bandolins” chorava por causa de todos aqueles vais e vens melódicos e sublimes.
Mas não era disso que eu queria falar (desculpe leitor, mas ultimamente a caneta não consegue seguir o pensamento e tal, é a gente dá voltas pra se encontrar) mas sim sobre os relacionamentos. Nós erramos ao dar limites para o que pode existir, erramos dizendo que algo que termina tem que acabar, Zé fini, sem amizade ou algum tipo de contato amistoso. Somos complexos demais para nós tornar robôs e querer apagar da memória momentos que passamos com outra pessoa. E falo de relacionamentos, qualquer deles, seja amizade, amor, coleguismo.
Sempre alguém vai nos ensinar algo, nem que seja não repetir a dose. Hoje tô falando muito sempre, e isso também é um absolutismo, mas é que a vida tá tão cheia deles que a gente persevera em torná-los parâmetros.
Continuando, e essa pessoa pode permanecer, ou nos encontrar em outro momento, num velho ciclo que as pegadinhas de viver acontecem. A coisa é, o que faremos quando isso acontecer?
Fomos ensinados que o amor tem que ser avassalador igual a Romeu e Julieta (Shakespeare deve se rolar na tumba por causa disso), que tem que ser pra sempre, e que sempre é todo o dia. Vai chegando certa idade e as coisas vão ruindo, as verdades vão mudando e o ser humano começa a repensar tudo.
Talvez o importante seja não ter receitas mesmo, talvez a velha felicidade esteja nos momentos distraídos onde a gente sente o perfume de uma flor, ou chora ouvindo uma canção.
Isso tudo reflito depois deste show, ao lado do meu velho pai, minha madrasta e minha irmã. Então lembro do apartamento de dois quartos na Praia Comprida onde meu pai morava com minha madrasta, e eu mais novo ouvindo “Agonia”, e refletindo desde aquela idade que “Sempre não é todo dia”.
Imagem: Oswaldo Montenegro em Youtube
James Ratiere é estudante de Jornalismo e escritor nas horas vagas desde os 14 anos.
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