Doutores Maluquinhos: levando alegria aos enfermos em Porto Seguro

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Fotos: Joanna Araújo

Por Elissandro dos Santos Santana, Porto Seguro, para Desacato.info.

Em tempos de egoísmo e anseios capitais nos quais as pessoas ficam presas ao ter para ser e se esquecem dos demais, principalmente, daqueles que mais sofrem e necessitam de ajuda, os “Doutores Maluquinhos” nos ensinam que é possível ajudar a quem precisa, ainda que seja com uma história que desperte sorrisos.  Enfim, nesta entrevista, Marta Barbosa nos apresenta um pouco sobre as ações, metas e objetivos do projeto na cidade de Porto Seguro.

 Elissandro Santana:

Apresente-se e discorra sobre sua atuação no Projeto “Doutores Maluquinhos“.

 Marta Barbosa:

Faço parte do grupo Doutores Maluquinhos na cidade de Porto Seguro. Temos como objetivo principal levar alegria através da música, da dança e da “contação” de história para pessoas hospitalizadas. Para tanto, contamos com a presença de uma equipe formada por um músico, um malabarista, um palhaço, um contador de história (eu), um assistente social, dois técnicos em enfermagem e uma nutricionista. Nossa meta é levar alegria aos enfermos hospitalizados em todas as alas, mas, sobretudo, na ala pediátrica. Nosso serviço é social e voluntário. Não temos nenhum apoio ou vínculo governamental e contamos com o suporte dos próprios componentes do grupo para a confecção das fantasias, transportes, livros, brinquedos e tudo que for necessário para as visitas.

 Elissandro Santana:

Como ocorre a atuação em Porto Seguro?

 Marta Barbosa:

Fazemos visitas aos hospitais como Luís Eduardo Magalhães, às tardes de domingo, e no hospital Neurocor nas tardes de quarta-feira. Visitamos, também, em dias excepcionais, como dia das crianças, natal e datas comemorativas. Ademais, visitamos ainda o Asilo Meu Lar, localizado em Santa Cruz Cabrália, cidade vizinha de Porto, o Orfanato Amparo, na agrovila, entre outros lugares para os quais somos convidados.

 Elissandro Santana:

Quais dificuldades vocês enfrentam na execução do projeto, além das que já mencionou acerca da falta de apoio financeiro?

 Marta Barbosa:

Nossa maior dificuldade para manter o grupo é a falta de componentes fixos. Muitos se interessam, fazem a primeira visita, mas não voltam. Outros não permanecem por motivos diversos como estudar fora da cidade ou do Estado. Vivemos numa luta constante para manter o grupo ativo. Temos um acordo entre nós: que, pelo menos, três dos componentes não deixarão de fazer as vistas, e, assim, vamos revezando.

 Elissandro Santana:

Quais as maiores contribuições perceptíveis do projeto “Doutores Maluquinhos” para a vida dos pacientes, em sua opinião?

 Marta Barbosa:

Com certeza, nossa maior contribuição é a nossa própria presença, pois muitos internos, por motivos variados, por não residirem no município de Porto Seguro, não têm a visita de familiares e amigos. Dessa forma, nos esperam nos dias de visitas e agradecem o carinho e atenção. Isso, de alguma forma, melhora a vida deles, pois o contato faz com que eles não se sintam abandonados no mundo.

 Elissandro Santana:

Qual a sensação dos participantes após cada visita efetuada? Caso já tenha escutado narrativas de seus parceiros, descreva-as, ou, então, descreva a própria experiência e sensação.

 Marta Barbosa:

Depois de cada visita, nos reunimos para combinarmos e confirmarmos a presença de cada componente para a próxima visita. Nesse momento, falamos sobre a gratificação que fora para nós o sorriso que tiramos, nas alas por onde passamos; falamos de cada paciente que nos pediu uma música ou uma história. Saímos com a sensação de dever quase cumprido, quase, porque em muitas alas não podemos visitar, são alas com pessoas isoladas, pois tem doenças contagiosas e outras, por serem pacientes considerados ou chamados de ”perigosos”, normalmente estão algemados e com a companhia de um policial. Sempre falamos sobre esses pacientes com um pouco de tristeza, pois achamos que poderíamos passar por estas alas também.

 Elissandro Santana:

E para você, o que representa atuar em um projeto tão sustentável e humanístico como “Doutores Maluquinhos“?

Marta Barbosa:

Representa muito pouco ainda. Poderíamos fazer muito mais. Acredito que temos muito a acrescentar, porém, por vários motivos, nos acovardamos diante das dificuldades encontradas. Sinto um misto de prazer e tristeza. Prazer em conseguir fazer um pouco e tristeza por saber que poderíamos fazer muito mais.

 

 

 

 

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