Diante da tragédia no Rio Grande do Sul, bolsonaristas e grande imprensa atacam Lula

Por Francisco Fernandes Ladeira.

Em meio à tragédia no Rio Grande do Sul, bolsonaristas e grandes veículos de comunicação do país têm concentrado forças contra um inimigo em comum. Não se trata de enchente (ou qualquer outro tipo de intempérie), mas daquele que é o principal alvo das alteridades negativas, tanto da imprensa hegemônica, quanto da extrema direita: o presidente Lula.

Da bolha bolsonarista, há as famosas fake news que caluniosamente acusam Lula de nada fazer para amenizar o drama do povo gaúcho e, além disso, insinuam que o governo federal está impedindo que doações de todo o país cheguem ao Rio Grande do Sul.

Por outro lado, nos maiores jornais impressos e emissoras de televisão do país, ocultam-se ao máximo as ações do presidente relacionadas à tragédia no sul do Brasil para criar a falsa narrativa de que o principal agente público que está agindo em favor dos atingidos pelas enchentes é o governador Eduardo Leite. Este é o caso, principalmente, da cobertura do Grupo Globo. Seria algo como premiar a raposa pelos bons serviços prestados em defesa do galinheiro.

Por sua vez, em coluna na Folha de São Paulo, Wilson Gomes concebeu as fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul como mera “rixa” entre bolsonaristas e petistas, alguns mirando o presidente Lula, e outros colocando a culpa no governador gaúcho Eduardo Leite, sugerindo assim uma falsa equivalência entre “esquerda” e “extrema direita”.

Já o Estadão foi mais explícito, partiu para o ataque direto. Segundo editorial do jornal da família Mesquita, o Ministério Extraordinário para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, anunciado por Lula na quarta-feira (16/5), é “intromissão na liderança do governo estadual”, sendo a escolha de Paulo Pimenta para comandá-lo uma demonstração de suas reais motivações: “promover a imagem do governo federal”, “fazer propaganda para uma possível candidatura de Pimenta para o governo gaúcho em 2026” e “explorar politicamente a tragédia”.

Ou seja, para o Estadão, uma iniciativa do governo federal para melhor articular e apoiar o trabalho do governo do estado e das prefeituras do Rio Grande do Sul, urgente e necessária diante da situação calamitosa, é uma simples promoção pessoal para políticos petistas.

Melhor seria se, diante das mortes no Rio Grande do Sul, o atual presidente da República, assim como um conhecido “falso Messias”, dissesse “e daí, não sou coveiro!”, não interrompesse suas atividades para visitar as regiões atingidas pelas enchentes ou andasse de jet ski enquanto brasileiros morrem em enxurradas?

Desse modo, conforme já registrado no apoio incondicional ao Estado de Israel, que há décadas promove o genocídio contra o povo palestino, é bastante nítido a proximidade ideológica entre as fakes news propagadas por extremistas de direita com os conteúdos das linhas editoriais dos principais veículos de comunicação do Brasil. Dito de outro modo, como já escrevi em outros textos, ao contrário do que alguns indivíduos politicamente ingênuos ainda podem pensar, bolsonarismo e grande mídia são duas faces da mesma moeda.

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Francisco Fernandes Ladeira é doutorando em Geografia pela Unicamp e pós-graduando em Jornalismo pela Faculdade Iguaçu

A opinião do/a/s autor/a/s não representa necessariamente a opinião de Desacato.info.

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