Pelo 12º ano, acontece a celebração do Dia Nacional do Saci-Pererê e seus amigos, no dia 31 de outubro (segunda-feira), das 15h às 16h30 horas, na Esquina Democrática, em frente à igreja São Francisco, em Florianópolis. Venha brincar com a gente. Esperamos você na celebração para trazer alegria a esses dias difíceis vividos no país.
A promoção é da Revista Pobres & Nojentas, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc), Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do Estado de Santa Catarina (Sintrajusc) e Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina (Sindprevs/SC). No dia haverá música, contação de histórias, boi-de-mamão e distribuição de “sacizinhos”.
Já no dia 30 de outubro, domingo, no Parque de Coqueiros, haverá Roda do Saci-Pererê (Roda Infantil). A atividade será às 16 horas, com promoção do Fórum da Capoeira.
A Lei n. 9.984, de 15 de março de 2016, instituiu em Florianópolis 31 de outubro como Dia do Saci, por iniciativa do vereador Lino Peres (PT). São objetivos desta data, através da figura do Saci: I – disseminação e enraizamento dos mitos brasileiros de nossa cultura; II – promoção de atividades artísticas e de lazer em escolas, bibliotecas, casas de cultura, praças e parques; e III – incentivo à leitura de obras comprometidas com os valores e raízes do folclore e cultura popular.
A lenda é assim! Basta que exista um bambuzal e, de repente, de dentro dos caniços, nascem os sacis. É como eles vêm ao mundo, dispostos a fazer estripulias. Conta a história que esses seres já existiam bem antes do tempo que os portugueses invadiram nossas terras. Ele nasceu índio, moleque das matas, guardião da floresta, a voejar pelos espaços infinitos do mundo Tupi-Guarani. Depois, vieram os brancos, a ocupação, e a memória do ser encantado foi se apagando na medida em que os próprios povos originários foram sendo dizimados.
Quando milhares de negros, caçados na África e trazidos à força como escravos, chegaram no já colonizado Brasil, houve uma redescoberta. Da memória dos índios, os negros escravos recuperaram o moleque libertário, conhecedor dos caminhos, brincalhão e irreverente. Aquele mito originário era como um sopro de alegria na vida sofrida de quem se arrastava com o peso das correntes da escravidão.
Então, o moleque índio ficou preto, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho, símbolo máximo da liberdade. Ele era tudo o que o escravo queria ser: livre! Desde então, essa figura adorável faz parte do imaginário das gentes nascidas no Brasil. O Saci-Pererê é a própria rebeldia, a alegria, a liberdade.
Com o processo de colonização cultural via Estados Unidos – uma nova escravidão – foi entrando devagar, na vida das crianças brasileiras, um outro mito, alienígena, forasteiro. O mito do Halloween, a hora da bruxa e da abóbora, lanterna de Jack, o homem que fez acordo com o diabo.
A história é bonita, mas não é nossa. Tem raízes irlandesas e virou dia de frenéticas compras nos EUA e também no Brasil. Na verdade, a lógica é essa. Ficar cada vez mais escravo do consumo e da cultura alheia.
Jeito antigo de colonizar as mentes e dominar. É por isso que a Pobres & Nojentas quer recuperar o Saci, o brasileiro moleque das matas, guardião da liberdade, amante da natureza que hoje está ameaçada de destruição. Junto com ele trazemos também os amigos, as bruxas de Cascaes, o Caipora, o Curupira, a Mula-sem-cabeça e tantos outros que povoam o imaginário em todas as regiões do país.
Venha brincar com a gente!