Domingo, a igreja mais uma vez estava cheia, muitos de seus adeptos com o naturalismo de uma convenção social, faziam do momento mais um dia para demonstrar fervor e fidelidade Ao Altíssimo.
Nestas ocasiões você pode presenciar olhares disfarçados para o lado, e depois um pequeno movimento de levantar a cabeça e se sentir o servo mais fiel do Senhor.
Por James Ratiere, para Desacato. info.
Algumas mulheres com seus vestidos finíssimos cabelos longos, verdadeiras “rapunzéis”, uma verdadeira competição de quem é a mais linda, e mais Ester, e quando uma moça mais humilde passa por ali, sem perceber enfrenta olhares de desdém, excluindo-a do grupo.
O Dia do Senhor é uma grande festa para agradecer a semana, e pedir graças para semana seguinte.
Então acontecem os louvores, testemunhos, a pregação (onde se entra num frenético alarido, coisas dessas competições de quem o Senhor ouvirá primeiro), todos agradecem, e o culto finaliza, abraços, roda de amigos, conversa da mocidade. Este que vos escreve é uma testemunha ocular desses eventos que se repetem domingo após domingo, semana após semana, ano após ano, e se algum fiel se desgarra, seja ele quem for, existem línguas prontas para colocarem fogo, e condenar o dito cujo às profundezas na companhia de Satã.
No caminho de casa, em um carro preto, uma família dessas estava enquanto aí seu lado apareceram pessoas de branco, caminhando na calçada.
“Vamos mexer com os macumbeiros?”
Sem obter resposta dos outros, o moços abre o vidro e grita:
“Ei! Jesus te ama!”
Mas fechou rápido demais quando a mãe ralhou com ele, nem ouviu a resposta.
“Oxalá também!”
Imagem: Pintura “Mulata/Mujer”, de Di Cavalcanti.
James Ratiere é estudante de Jornalismo e escritor nas horas vagas desde os 14 anos.
A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.
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