Desinformação, cortes de recursos e negacionismo. A receita trágica da pandemia

    Professora Lucia Souto, diretora do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, afirma que população brasileira é vitima de um governo federal “criminoso e fracassado”

    Sem uma política de enfrentamento da crise sanitária, Bolsonaro dá vazão ao lado conservador de parcela da população. Foto Arquivo ABr

    Na avaliação da professora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) Lucia Souto, a população brasileira é vitima de um governo federal “criminoso e fracassado”. A falta de coordenação nacional para impor medidas restritivas com o objetivo de conter a pandemia da covid-19 é, segundo a especialista, um dos principais problemas da gestão.

    “Alguns governadores estão propondo medidas preventivas rigorosas, como um lockdown nacional, porém ,a ausência de uma coordenação dificulta a adoção. Em todos os momentos que o país esteve diante de uma crise parecida em outros tempos, houve uma comunicação do governo federal com a população, explicando o que poderia ser feito. Hoje, o povo se tornou vítima de uma comunicação do governo que não contribui para unir o país. O governo federal sabota todas as medidas que precisariam dar certo”, afirmou a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta segunda-feira (29).

    “O projeto ultraliberal de Bolsonaro é fracassado e não consegue dar conta dos desafios mínimos para garantir a vida das pessoas”, criticou. “O presidente foi publicamente defender a nebulização de cloroquina e estimula, até agora, os medicamentos sem eficácia que tem matado pessoas”, acrescentou a especialista.

    Desmonte criou o colapso

    O descontrole do governo Bolsonaro sobre a pandemia de covid-19 no Brasil levou o país a 312.206 mortes pela infecção, de um total acumulado de 12.534.688 infectados pelo vírus desde março de 2020. No último final de semana, foram registrados novos 5.094 óbitos pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass.

    Para Lucia Souto, o cenário também é resultado do desmonte em áreas estratégicas, como a ciência e tecnologia, e cita a redução do orçamento da Saúde em 2021, em relação ao que foi investido no ano passado.

    “O Brasil tem inteligência e tecnologia para estar à frente do que está hoje, porém, é uma destruição projetada. A falta de financiamento da ciência e da saúde é criminosa. O governo Bolsonaro tirou R$ 40 bilhões do orçamento da Saúde para enfrentar a pandemia. O país está num momento calamitoso e não tem dinheiro para áreas estratégicas”, denunciou.

    Na última semana, o Instituto Butantan anunciou o início de testes para uma vacina de produção própria. A notícia é boa, de acordo com a especialista, mas poderia ser mais otimista se houvesse mais investimentos nos setor.

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