Segundo o deputado professor Israel Batista (PV-DF), um dos autores do projeto, partidos do Centrão estão resistentes em apoiar a iniciativa. “A aproximação do governo com o Centrão está prejudicando bastante”, disse ele. Entre hoje e amanhã, deputados devem levar o pleito ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), responsável pela pauta de votações. Maia ainda não se manifestou publicamente sobre o assunto.
O projeto conseguiu reunir assinaturas de deputados que vão desde o PT ao PSL. “Não sei porque está tendo essa queda de braço. Nós entendíamos o adiamento como algo natural, não era para ser politizado”, avaliou o deputado Israel Batista. Em função da pandemia de covid-19, China, Estados Unidos e França já adiaram seus exames. “A gente sabe que a chance da prova ser adiada por motivo de força maior é muito grande e fazer isso de forma atropelada é ruim, é melhor você se planejar como fizeram outros países”, disse o deputado.
Os defensores da iniciativa estão organizando uma campanha de conscientização sobre a necessidade de adiamento do calendário do Enem e devem divulgar uma ação nas redes sociais, com vídeos de deputados, para buscar apoio da sociedade.
Peça publicitária
Para defender a manutenção do calendário do Enem, o governo divulgou uma campanha publicitária, veiculada nas redes sociais e em cadeia nacional de rádio e televisão, na qual diz que o Brasil não pode parar. Educadores avaliam que as peças desconsideram as desigualdades socioeconômicas do país e as dificuldades que muitos estudantes de escolas públicas possuem para ter aulas pelo sistema de ensino à distância (EAD).
#Enem2020 | O Brasil não pode parar! Inscrições de 11 a 22 de maio. Acesse: https://t.co/MkoMa3ndSF pic.twitter.com/eIjSnzQQ36
— Ministério da Educação (@MEC_Comunicacao) May 4, 2020
Para o deputado Israel, a peça apresenta um perfil de estudante de ensino médio que não é majoritário. “O estudante representado ali tem acesso ao smartphone de última geração, tem espaço para escrivaninha”. Na visão do deputado, a manutenção do calendário causaria prejuízos enormes ao sistema educacional brasileiro. “Essa prova feita desse jeito pode significar um aprofundamento imenso da desigualdade educacional, do acesso ao ensino superior, uma série de distorções no sistema educacional, uma desvinculação do fim do ensino médio com o ensino superior.