Por Breno Altman
Mais uma vez a Confederação Israelita do Brasil recorre a demandas judiciais para impedir meu direito constitucional à expressão e à opinião.
Como parte da estratégia mundial das forças sionistas, a principal agência do Estado de Israel em nosso território utiliza vultosos recursos financeiros e organizacionais para levar adiante seus métodos de lawfare, com o intuito de calar a crítica e a denúncia do massacre contra o povo palestino.
Agora, o comando do lobby sionista no Brasil exige não apenas minha exclusão de todas a plataformas de mídia social como também que eu seja proibido de participar em “lives, videos e manifestações” sobre a questão palestina, “sob pena de prisão preventiva”.
Esses são os pedidos, sob a forma de medida cautelar, que a CONIB encaminhou, no dia 11 de janeiro, ao juiz da 9ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Configuram claramente pressão por censura prévia, mecanismo abolido desde o final da ditadura. Os representantes de Israel querem ter o direito de anular a opinião de um jornalista brasileiro, simplesmente proibindo-o de analisar e denunciar os delitos humanitários do sionismo.
Além do mais, os argumentos são ardilosos e falsos, como de hábito. Não apontam uma só mentira que eu tenha dito ou escrito. Malandramente tentam estigmatizar como antissemitas a oposição aos crimes de lesa-humanidade do Estado de Israel e a repulsa aos atos de seus dirigentes desde 1948.
Combato sem tréguas a corrente ideológica encarnada no regime sionista, é fato, por sua natureza colonial e racista, cujas entranhas estão expostas na atual política de extermínio na Faixa de Gaza. Isso nada tem a ver com antissemitismo, conceito historicamente empregado para o preconceito racial contra judeus.
Da mesma maneira que lutar contra o nazismo não representava ódio aos alemães, enfrentar o sionismo não tem qualquer relação com sentimentos antijudaicos. Confundir antissionismo e antissemitismo não passa de manobra falaciosa.
Sou judeu, de uma família com muitas vítimas no Holocausto. Meu pai e meu avô, antissionistas como eu, foram importantes dirigentes da comunidade judaica, liderando instituições de grande prestígio e memória do povo judeu, como a Escola Scholem Aleichem e a Casa do Povo. Apontar-me como antissemita é acusação falsa, sórdida e injuriosa.
A CONIB, notória por sua conexão com a extrema direita, ao buscar me calar e censurar, arremete contra a democracia. Tenta dobrar o Estado brasileiro aos interesses de um sistema supremacista e facínora. Querem me usar como exemplo para provocar medo e intimidação, com o objetivo de silenciar a denúncia contra os brutais e imperdoáveis crimes do governo israelense, que incluem o assassinato de inúmeros jornalistas.
A gravidade do comportamento dessa obscura entidade salta às vistas.
Oxalá as instituições nacionais sejam capazes de perceber suas reais intenções e deter sua ofensiva autoritária, de flagrante desrespeito à Constituição e à soberania do país.