Daesh faz novas ameaças a Espanha e Portugal

O militante do Daesh refere-se no vídeo ao Al-Andaluz (designação dada à Península Ibérica durante os séculos do domínio muçulmano), é dito:

“A Península Ibérica jamais será esquecida <…> Al-Andalus tem paciência. Não eras espanhola nem portuguesa, mas sim muçulmana”, palavras citadas pelo El Mundo.

“Nenhum muçulmano pode esquecer Córdoba, Toledo e Xátiva (Valência). Há muitos muçulmanos sinceros e fiéis que juram recuperar Al-Andalus. Juro que pagareis um preço muito alto e que o vosso final será muito doloroso. Se Deus quiser, recuperaremos Al-Andalus”, diz o jihadista mascarado falando no vídeo.

A Sputnik pediu um comentário ao Ministério português da Administração Interna, sobre estas informações da mídia. A porta-voz do ministério, Patrícia Cerdeira, afirmou que as autoridades seguem todas as informações da imprensa, estão em contato permanente com todos os Estados-membros da União Europeia mas que o trabalho por si desenvolvido, naturalmente, não pode ser do domínio público.

“O combate ao terrorismo não é uma coisa pública, é uma coisa que se faz de portas para dentro. Obviamente que, se temos informação de órgãos de comunicação social, estamos atentos. A partir do momento em que a situação é normal em cada Estado-membro, não vale a pena estarmos a reagir cada vez que há uma informação deste tipo. Passa-lhe pela cabeça quantos alertas é que há diariamente ao nível dos Estados-membros nestas matérias? O terrorismo é uma coisa que é para ser tratada nos sítios certos. E o sítio certo não é na opinião pública. Porque senão tem um efeito contraproducente, que é entrarmos todos em histeria e em alarme social e não há necessidade nenhuma disso. Obviamente que estamos preocupados, só que estas coisas não são publicitadas. Mal será quando elas tiverem que ser publicitadas, é mau sinal. Isto são operações policiais, de investigação criminal, as coisas passam-se na retaguarda. Estas informações na imprensa podem instalar o sentimento de insegurança nas sociedades. A informação só é dada em último caso. É uma atividade permanente. Portugal mantém-se atento a todos os sinais que ponham em causa a segurança do país e reafirma a sua confiança nas forças e serviços de segurança”.

Entretanto, a porta-voz deu a entender que o fato de não ter havido ainda atentados terroristas em Portugal não é razão para não estar atento.

“O terrorismo, como sabe, joga com a imprevisibilidade, temos que ter em conta que um dos lados piores do terrorismo é a sua imprevisibilidade”.

Já um ex-militar, o coronel Rodrigo Sousa Castro, falando sobre esta ameaça, disse-nos o seguinte:

“Como pode o Estado Islâmico [também chamado de Daesh], após a decidida entrada em cena da Federação Russa, que obrigou os seus bandos a passarem para a defensiva, ameaçar seja quem for fora da sua cada vez mais reduzida e precária zona de influência? Para mim, trata-se de uma fanfarronada. Simplesmente uma fanfarronada”.

O grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia e reconhecido como terrorista pelo Brasil) autoproclamou-se “califado mundial” em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecido como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais. Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando um jihadista de tendência salafita, o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad. Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la. Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.

Fonte: Sputnik News

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