Carta enviada como comentário da matéria que saiu no ND Online em 22/05/2013.
Sobre a Ponta do Coral, faltou dizer que em 10/11/1980 o terreno foi cercado, pelo Estado, de arames farpados e portões com cadeados. Um mês e seis dias depois foi vendido para uma empresa, apenas por decreto e sem lei autorizativa (ato administrativo nulo). Desde então “benfeitorias” foram realizadas, como a derrubada dos pavilhões (antigos depósitos de óleo da I Guerra Mundial), o corte das árvores e a substituição da antiga cerca por um “lindo” muro cinza. A desculpa para o atual fechamento da área não cola. É a mesma da época: veículos que estacionam para liberar ruidosos decibéis que invadem nossos ouvidos, e consumo de drogas. Então, tem-se que cercar a marginal a alguns metros dali, onde centenas de jovens com tímpanos de aço fazem o show noturno dos auto-falantes. E quanto às drogas, teríamos que cercar a parte insular de Floripa, com revistas diárias de entrada e saída. O que não é dito, é a verdade: o muro de agora é apenas a tentativa do início da maquete do empreendimento privado. Lá, antes de ser propriedade privada, gerações se encontraram em jogos e piqueniques. Aquela área somente começou a ser palco de crimes após a sua venda. Antes, era um pedaço da cidade, com seus saborosos pés de goiaba, araçá e pitanga e os exóticos eucaliptos, majestosos prendedores de pandorga. A população privada daquela área, isto sim, é um crime.
Murilo Silva
Professor de filosofia; fundador da Associação dos Moradores da Agronômica (AMA).
Não é um muro e sim uma cerca. E esse negócio de querer derrubar o que o dono quis colocar é desacato e dá cadeia. Assim fica bom porque tem muito maconheiro lá dentro e também fora. Prefiro um prédio bonito e também que ficar vendo os navios. Isso me agrada. Prá que mais área pública, só para esse pessoal do morro ficar jogando bola e atravessando a pista toda hora? Os cidadãos de bem também merecem o lazer nesta cidade.
Não é um muro e sim uma cerca. Assim fica bom porque tem muito maconheiro lá dentro e também fora. Prefiro um prédio bonito e também que ficar vendo os navios. Isso me agrada. Prá que mais área publica, só para esse pessoal do morra ficar jogando bola? Os ricos também merecem o lazer.
é a força daquilo que é privado sobre aquilo que é público e, como sempre, deve haver alguém ganhando muito dinheiro por trás disso…
Se não teve lei antes de decreto então o processo é todo ilegal. Quem era o governador na época? Isso é muita sacanagem. Esses caras acham que a cidade é o quintal deles? Floripa vai afundar na merda, se afogar na fumaça e se engarrafar completamente. Aqui não é, e nem deve querer ser, Miami ou Cancun.
É isso aí Murilo,
A apropriação dos bens públicos pelos “empresários” é uma pratica antiga e continuam ainda hoje. Por isso muitos hoje são ricos, evidente que é dessa forma que eles ficam ricos, ou ainda com os créditos fornecidos pelos governos e que depois jamais pagam. Dessa forma, o nosso papel é a denuncia, e a reação se fizerem muro vamos derruba-lo.
Esta carta do Murilo resume muito bem o sentimento de quem mora na cidade há pelo menos mais de 30 anos e já viu por demais áreas públicas invadidas em nome do progresso e de empregos. Não enxergam esses mercadores selvagens que chegamos num limite que exige agora um repensar, antes que seja tarde. A Ponta do Coral é nossa, da população!
E que tal agora aproveitarem, todos os indecisos, para saírem de cima do muro. Vamos derruba-lo? Eu sou voluntário. É só marcar dia e hora.
Ótima relexão!!! Pensam que somos bobos? Estão fechando para apressar justamente o que querem fazer: fechar uma área que deveria ser pública para a cobrança das diárias hoteleiras. Porcos !!!!