De acordo com dados de relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), foram contabilizadas mais de 164 mil apreensões relacionadas a crimes contra a vida selvagem e florestas em 120 países. Prática também fomenta conflitos e mina o Estado de Direito.
De 2010 a 2012, cerca de 100 mil elefantes foram mortos, segundo estimativas do CITES.
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) lançou o Relatório Mundial de Crimes Contra a Vida Selvagem, destacando como a caça e o comércio ilegais de milhares de espécies diferentes no mundo todo não só representam um perigo ao meio ambiente, como também minam o Estado de Direito e fomentam conflitos.
O relatório, que faz parte do Programa Global do UNODC sobre a questão, pede a divisão da responsabilidade entre os países no combate a esses crimes e alerta que o problema não se limita a determinados países ou regiões, sendo um fenômeno verdadeiramente global.
O tráfico de animais selvagens é cada vez mais reconhecido como especialidade do crime organizado e uma ameaça significativa para muitas espécies de plantas e animais.
De acordo com as informações extraídas da plataforma de dados World WISE, ferramenta em que o relatório foi baseado, foram contabilizadas mais de 164 mil apreensões relacionadas a crimes contra a vida selvagem e florestas em 120 países.
Uma das principais observações que os dados ilustram é, sobretudo, a extrema diversidade dessa atividade ilegal: cerca de 7 mil espécies são incluídas nas apreensões, sendo que nenhuma representa mais de 6% do total, e nenhum dos países relacionados é responsável por mais do que 15% das apreensões.
Para Yury Fedotov, diretor-executivo do UNODC, “a situação desesperada de espécies icônicas nas mãos de caçadores tem merecidamente capturado a atenção do mundo”. Segundo ele, animais como o tigre, temido e reverenciado em toda a história humana, estão agora “pendurados por um fio”. Além disso, elefantes e rinocerontes africanos estão “sob constante pressão”.
“Mas a ameaça de crimes contra a natureza não para com esses animais. Uma das mensagens críticas surgidas a partir desta pesquisa é que o crime contra vida selvagem e florestal não se limita a determinados países ou regiões. Não é um comércio envolvendo bens exóticos de terras estrangeiras a serem enviados para mercados distantes”, alertou Fedotov.
Segundo John E. Scanlon, secretário-geral da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies em Risco da Flora e Fauna Selvagens (CITES), “’o Relatório Mundial de Crimes Contra a Vida Selvagem mostra o amplo envolvimento dos grupos criminosos organizados transnacionais nestes delitos altamente destrutivos e o impacto generalizado da corrupção, demonstrando que a luta contra o crime ambiental ainda precisa de maior atenção e recursos em todos os níveis”.
O relatório também oferece uma análise dos mercados legais e ilegais de animais selvagens e de produtos florestais que podem ser úteis para abordar vulnerabilidades no comércio legal e promover melhores sistemas regulatórios globais.
Além disso, também destaca como as lacunas na legislação, na aplicação da lei e em sistemas de justiça penal apresentam problemas sérios. “Se queremos levar a sério a vida selvagem e crimes florestais, devemos reforçar as nossas respostas coletivas e fechar essas lacunas”, alertou Fedotov.
O documento do UNODC foi desenvolvido com a colaboração do Consórcio Internacional de Combate ao Crime contra a Vida Selvagem (ICCWC), do secretariado da CITES e da Organização Mundial de Alfândegas (OMA).
Foto: wildlifeday.org
Fonte: ONU Brasil/ EcoDebate