Covid-19: Desconfiança sobre vacina pode comprometer imunidade coletiva

Foto: Pixabay

Estudo científico publicado nesta terça-feira (20) alerta para as consequências da desconfiança da população sobre a futura vacina anti-Covid. No documento, os cientistas pedem aos governos que atuem contra esse fenômeno que pode pôr em risco o sucesso de uma ampla cobertura vacinal.

“Na maioria dos 19 países estudados, os atuais níveis de aceitação de uma vacina contra a Covid-19 são insuficientes para responder às demandas de imunidade coletiva”, advertem os autores deste estudo realizado em junho e publicado na revista Nature Medicine. Pelo menos 72% das 13.400 pessoas entrevistadas disseram que se imunizariam, se “uma vacina disponível contra a Covid-19 comprovasse sua eficácia e segurança”. Já 14% responderam que se negariam, e outros 14% se mostraram indecisos.

Mas a taxa de aceitação da futura vacina anti-Covid vem crescendo. Três países apresentam índices de quase 60%: França (58,8%), Polônia (56,3%) e Rússia (54,8%). No Brasil, que está envolvido atualmente na polêmica sobre a obrigatoriedade da vacina, esse percentual passa de 80%. China e África do Sul também apresentam elevados índices de aceitação.

Indecisão relacionada à falta de confiança no governo

“Descobrimos que o problema da indecisão em relação à vacina está fortemente relacionado a uma falta de confiança no governo”, comentou um dos coordenadores do estudo, Jeffrey V. Lazarus, pesquisador do Instituto de Saúde Global de Barcelona. Segundo os autores do estudo, “é cada vez mais evidente que uma política transparente, baseada em dados conclusivos, e uma comunicação clara e precisa será necessária” e os governos têm que dar um bom exemplo.

Para que as campanhas de prevenção sejam eficazes, eles pedem que se dê “uma explicação meticulosa sobre o nível de eficácia da vacina, o tempo de proteção, se serão necessárias doses múltiplas e a importância da cobertura de toda população para obter a imunidade coletiva”. Essa estratégia é importante principalmente porque “ativistas antivacina já estão fazendo campanha em vários países contra a necessidade de uma imunização”. “Alguns desses movimentos negam, completamente, a existência da Covid-19”, alertam os cientistas.

Até um terço da população acredita em notícias falsas 

De acordo com outro estudo publicado na semana passada, no jornal científico britânico Royal Society Open Science, até um terço da população em algumas regiões é passível de acreditar em informações falsas e teorias de conspiração sobre a Covid-19.

Os índices de crença em “fake news” sobre o tema são alarmantes em alguns locais. Na Espanha, um dos países europeus mais atingidos pela pandemia da Covid-19, 37% dos entrevistados consideram “confiável”, por exemplo, a teoria de que o coronavírus foi deliberadamente fabricado em um laboratório em Wuhan, a cidade chinesa onde a pandemia começou em dezembro passado. Essa porcentagem é de 33% no México e de 22% a 23% no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Por RFI, com informações da AFP

 

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