Por Frédi Vasconcelos.
A volta para trás na economia brasileira pode ser sentida no bolso mais uma vez este mês. A Copel aumentou, desde o último domingo (24), a conta de luz dos paranaenses em 15,06%, mais de oito vezes o reajuste que teve o salário mínimo, de 1,81%. Junto com os aumentos no gás de cozinha e nos combustíveis, quem vive de salário está penando para pagar as contas básicas.
É o caso de Maria Bonetti Ribeiro, que mora em Colombo e trabalha como diarista. Maria e os dois filhos têm uma renda familiar de cerca de R$ 3 mil por mês para pagar aluguel, comida e as outras contas. “Gasto R$ 200, às vezes R$ 230 por mês de luz, a troco de que eu não sei. A conta pesa, já é muito pra mim. E, com o aumento, com certeza piora. A gente vai ter de deixar de pagar uma coisa pra pagar outra”, diz Maria. E complementa, “as coisas vêm piorando, devia dar uma baixada. Gás, luz, água, essas coisas estão um absurdo. A comida também está cara”.
O que Maria sente no bolso é fácil de explicar. No ano passado a Sanepar, companhia de água, mudou a forma de cobrança fazendo com que, em muitos casos, os gastos com água e esgoto praticamente dobrassem. E a conta de luz vem sendo corrigida muito acima da inflação. Como comparação, a inflação oficial nos últimos doze meses terminados em maio de 2018 foi 2,86%, e a luz aumentou mais de 15%. O bujão de gás também saltou de cerca de R$ 50 para R$ 70 de 2016 para cá por conta da política de preços do governo Temer e da política de beneficiar acionistas das companhias de água e luz adotada pelo governo do Paraná.
Segundo publicação do Sismuc, sindicato dos trabalhadores públicos municiais de Curitiba, a manutenção do lucro bilionários da empresa, favorecido pelos expressivos aumentos tarifários dos últimos anos, tem beneficiado principalmente acionistas das empresas. Entre 2011 e 2017, R$ 3 bilhões foram distribuídos em dividendos, só para acionistas da Copel.