Por Nirman García, para Desacato.info.
Para a Inspetora Geral de Tribunais da Venezuela, Gladys Requena, todo dia 8 de março é uma oportunidade para refletir sobre a igualdade entre homens e mulheres, na qual os movimentos de mulheres, o Estado venezuelano e o governo nacional “podem ir construindo esse cenário de igualdade na prática… que as mulheres do mundo estão exigindo”.
Da sede de seu escritório, ela disse que o Dia Internacional da Mulher é uma data para continuar levantando bandeiras de luta, e na nação sul-americana, nos últimos 24 anos, houve avanços satisfatórios, não houve vitórias para as mulheres durante os anos que antecederam o processo bolivariano.
Explicou que, entre os avanços em matéria jurídica, está a Lei Orgânica sobre os Direitos da Mulher a uma Vida Livre de Violência, que é transcendental porque nela “o tema dos crimes de violência contra a mulher é tipificado até o feminicídio”.
Além disso, a Lei para a Reforma Parcial da Lei de Proteção à Família, Maternidade e Paternidade, que “estabelece critérios muito claros sobre o estabelecimento da paternidade e, acima de tudo, procedimentos gratuitos para a família venezuelana, antes era uma elite que podia contestar a paternidade ou negá-la”.
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Ela reconheceu que a Venezuela é uma referência internacional em questões legais a favor das mulheres, “somos um dos países que mais promoveu legislação, que vem regulamentando diferentes aspectos que orientam a vida das mulheres, não apenas com a questão da violência, mas em todos os aspectos da vida”.
Com relação à violência machista, ela disse que “ela não pode ser desmantelada por decreto, nem por leis automáticas, mas sim gerando uma consciência de uma perspectiva de gênero que é produto de construções sociais”, e por meio da educação, que é um instrumento fundamental para semear a consciência de gênero e a paz desde cedo, e de mãos dadas com a cultura, esse flagelo será derrubado.
Durante a entrevista, ela expressou sua admiração pela internacionalista cubana Vilma Espín, que, no desenvolvimento histórico da nação caribenha, foi a principal impulsionadora dos direitos das mulheres de estudar e trabalhar. “Os sacrifícios que ela fez em meio a uma sociedade patriarcal que não entendia que uma mulher pudesse assumir tal papel são extraordinários.
Espín foi encarregada de reorganizar as diferentes organizações de mulheres, o que deu origem à Federação de Mulheres Cubanas, da qual foi presidente, sendo um ponto de referência em nível parlamentar e para o movimento de mulheres em escala internacional.
Quando perguntada sobre sua maior conquista, a integrante da Rede de Mulheres Vargas disse que conseguiu manter a humildade, caminhar na espiritualidade e ter em mente suas origens, elementos-chave que a alimentaram para estar permanentemente em combate.
Ao mesmo tempo, ela exortou as mulheres de sua nação a continuar em frente “para nunca vacilar na luta que deve ser travada de forma sustentada, consciente e comprometida, com sonhos de uma bela pátria para as gerações do futuro, e é por isso que não devemos parar de lutar”.
A proclamação dessa data internacional histórica sobre o direito à igualdade para as mulheres é resultado da proposta feita pela líder alemã Clara Zetkin, que tomou a iniciativa de comemorar anualmente um dia universal de ação pelos direitos de paz e progresso social de todas as mulheres.
A autora é uma jornalista venezuelana, analista política e colaboradora desta mídia.