Diante da repercussão de um comunicado enviado à imprensa pela prefeitura de Joinville, as lideranças indígenas da etnia Deni vêm a público desmentir a informação do governo municipal de que houve um acordo para a desocupação de uma área no bairro Fátima. Erroneamente, veículos de imprensa repercutiram a versão da prefeitura, sem checar as informações com a comunidade.
“Não entramos em acordo nenhum”, garante Antônia Tavares da Silva, liderança indígena da comunidade. Além de desmentir as informações divulgadas pelo governo, os indígenas reclamam da atitude do prefeito de Joinville, Adriano Silva (Novo), que negou a participação das lideranças da comunidade na reunião.
No encontro, o prefeito Adriano autorizou a entrada de apenas uma indígena, a moradora que está sendo ameaçada de despejo. Participaram do encontro também a vice-prefeita Rejane Gambin (Novo), três vereadores, dois secretários municipais e o padre Fabiano Rezendes, da Paróquia São João Batista.
“Eles disseram que não podiam entrar mais pessoas por causa da pandemia. Se a reunião era conosco, por que tinha tanta gente na sala?”, questiona Antônia. “Tantas pessoas estavam na sala e só uma representando o povo indígena. Eu estava na prefeitura e não me deixaram entrar. Isso me revolta”, reclama.
A um jornal local, que enviou seus repórteres à ocupação, Thayna Santana Sampaio de Araújo, moradora que participou da reunião, negou que tivesse assumido qualquer compromisso com a prefeitura. “Como vou aceitar sair se eu não tenho para onde ir? Eu não tive opção de nada”, afirma Thayna. “Me senti coagida”.
Repúdio
As lideranças indígenas da etnia Deni, que moram no bairro Fátima, na zona Sul de Joinville, saúdam o bom jornalismo, aquele comprometido com a verdade e com a checagem de fatos, e repudiam a atitude da prefeitura e dos veículos de imprensa que repercutiram informações sem ouvir a comunidade.
Comunidade permanece mobilizada
A comunidade informa que continua mobilizada em defesa de seus direitos e que suas lideranças estão dispostas a uma nova reunião com a prefeitura de Joinville e os órgãos competentes para buscar soluções reais para os moradores. As lideranças indígenas pedem que a prefeitura tenha a sensibilidade para garantir um tempo maior que 48 horas, a fim de encontrar uma solução viável.
Em nenhum momento, foi negado o diálogo por parte da comunidade. No entanto, os moradores esperam que o poder público ofereça alternativas seguras, diferentemente das propostas apresentadas, que não resolvem o problema e ainda agravam a situação.
Os indígenas da etnia Deni aproveitam para agradecer às manifestações de apoio e de solidariedade que têm recebido dos diversos segmentos da sociedade.
Assista o depoimento de lideranças da comunidade:
JTT Indigenista, toda quarta-feira, 18h, em Desacato. info e redes.
