Comunicação popular: um jeito de resistir

Por Ivan Cesar Cima*.

Quando falamos, ou escrevemos sobre a comunicação popular, logo nos vem em mente a possibilidade de que as camadas populares tenham acesso à informações de qualidade e que estas informações reproduzam a realidade em que essas populações vivem. Ainda, considero esta forma de comunicação de fundamental importância, uma vez que representam a possibilidade de dar voz àqueles que os meios tradicionais buscam invisibilizar, esconder. A comunicação popular deve, em sua raiz, contribuir para a construção da cidadania, ser um instrumento de empoderamento e de libertação dos setores populares.

Em nosso país, assim como na maioria das nações, os grandes grupos tradicionais de comunicação dominam a mídia nacional e com isso, o conteúdo e as informações disponibilizadas a população, respondem aos interesses da elite brasileira, a mesma que financia esses grandes grupos de comunicação. Concentrar as informações de importância nacional em um pequeno grupo, não representa aos interesses e anseios das camadas populares, mas sim de uma pequena elite, perversa e gananciosa, servindo apenas para perpetrar um sistema excludente e opressor. Torna-se necessário, portanto, além da mídia alternativa, uma comunicação que tenha um enfoque mais comunitário e local: a comunicação popular.

Mesmo tendo um papel tão importante, esse tipo de comunicação se encontra fragilizado em nossa sociedade, reforçando a soberania dos grandes grupos da mídia nacional. O que nos leva a entender que esse tipo de comunicação é apenas tolerado pelas elites da comunicação.

Outro aspecto de grande importância nesse tipo de comunicação, é seu potencial para a mobilização e conscientização das pessoas, seja no sentido do exercício do próprio direito de comunicar, seja para fornecer informação e também provocar o debate.

Por fim, quando assisto o Programa Vida em Resistência, uma produção do Portal Desacato e do Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, vejo a possibilidade real de dar voz a quem a história do vencedor teima em esconder. Os povos indígenas, por meio deste programa, têm a possibilidade de apresentam a sua realidade, o seu cotidiano de vida, as suas estratégias de resistência frente aos genocídios que os dominadores insistem em impor à eles.

*Ivan Cesar Cima é graduado em Ciências Agrícolas e Mestre em Ciências Ambientais. Membro do Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul e atuando na Equipe Frederico Westphalen, RS, junto ao povo Kaingang.

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