Comprador do triplex do Guarujá: escândalos da família Gontijo

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Jornal GGN – O empresário Fernando Gontijo foi o arrematador do triplex do Guarujá, indicado pela Operação Lava Jato como de então suposta propriedade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dizendo-se “apolítico”, seu nome aparece em esquema do PSDB, em mensalão do Distrito Federal, divide sociedade de empresa com primo de Alckmin e seu pai foi apontado como o financiador do mensalão do DEM.
Como se não bastassem as controvérsias sobre quem seria o proprietário do imóvel, antes mesmo da condenação de Lula, considerando que para a colocar em leilão o juiz Sérgio Moro teve que enviar documentos que comprovam ser da OAS Empreendimentos, o futuro dono do imóvel também está envolvido em polêmicas.

Uma delas diz respeito ao seu nome na Justiça: Gontijo já foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal por improbidade administrativa, quando fraudes em licitações na prefeitura de João Pessoa foram deflagradas em 2005, na Paraíba.
Ele foi arrolado como representante da Via Engenharia, uma das empresas que teria se beneficiado da fraude nas licitações. Além dele, também foram condenados o ex-governador do Estado e ex-prefeito de João Pessoa, Cícero de Lucena Filho (PSDB), que à época chegou a ser preso pela Polícia Federal, e outros sete réus.
Entretanto, a ação ainda tramita na segunda instância, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Em resposta ao Estadão, Gontijo disse que se tratou de um “engano” a sua condenação. Afirmou que em 2001 assinou “um contrato na qualidade de procurador da empresa” e que tal “contrato estava parado, inativo, mas, infelizmente, a juíza liberou o procurador de outra empresa”.
“Houve uma confusão do meu nome com o de um acionista da empresa e acabou me condenando”, continuou. “Isso não faz o menor sentido, num contrato de 20 anos atrás. Infelizmente, a nossa Justiça é lenta, né?”, disse o empresário.
Por conta desta ação, o empresário foi condenado a pagar junto com os outros réus uma multa de R$ 852 mil, por superfaturamento de obras públicas de infraestrutura, financiadas com dinheiro de convênios entre a União e a Prefeitura.
E essa empresa, na qual Gontijo aparece como diretor, foi investigada também no escândalo do mensalão do Distrito Federal, relacionado ao ex-governador José Roberto Arruda. Ele afirma ter sido executivo da Via Engenharia até 2001, quando conta ter deixado a empresa.
Mas ainda sobre o seu envolvimento em casos de corrupção do PSDB, Fernando Gontijo diz que é “apolítico”. O G1 perguntou ao arrematador do triplex se ele conhecia Lula: “Só conheci o ex-presidente pela televisão. Eu sou apolítico, eu não tenho nenhum vínculo político”, respondeu.
“Eu estou aqui [em Brasília] há 38 anos e devo ter ido ao Congresso, se muito, umas cinco vezes, para acompanhar alguma visita que eventualmente tenha vindo a Brasília. Eu não tenho nenhuma vinculação partidária, política, não tenho nenhuma atuação nesse segmento”, insistiu.
Entretanto, há mais polêmicas que envolvem o nome do empresário. De acordo com matéria do DCM, de Kiko Nogueira, Gontijo tem, ao todo, doze empresas, onze em Brasília e uma em São Paulo, movendo um capital social de R$ 9,5 milhões.
Em uma de suas empresas, a La Paia Empreendimentos Imobiliários, ele é sócio de José Augusto Rangel de Alckmin. O sobrenome não é coincidência, esse empresário é primo do governador Geraldo Alckmin. José Augusto, o sócio de Gontijo, é ainda advogado do PSDB.
Imagem mais discreta da família, José Augusto mantém escritório de advocacia junto ao seu irmão, José Eduardo, figura mais carimbada entre tucanos, e o advogado Pedro Rosalino Braule, que faz a defesa de Aécio Neves.
As relações de José Augusto com Fernando Gontijo na sociedade em uma das empresas já geraram a ambos um processo trabalhista, no qual responderam juntos.
Gontijo, o pai
O pai do empresário, José Celso Gontijo, é também empresário influente em Brasília. Dono da construtora JC Gontijo, seu nome apareceu em investigação da Operação Caixa de Pandora, deflagrada em 2009, que apontou esquemas de corrupção envolvendo o DEM.
Ele foi deflagrado em vídeo em ato de corrupção, entregando pacotes de dinheiro ao delator da Caixa de Pandora, Durval Barbosa, em esquema montado por Arruda no Distrito Federal. Relembre:
É que Gontijo, o pai, é dono também da Call Tecnologia e Serviços Ltda., que foi condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2014, a não renovar contratos com o Ministério da Saúde, na qual mantinha lucros milionários. Também foi condenado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal, impedindo licitações com a empresa.
Foi investigado pela Polícia Federal como um dos financiadores do mensalão do DEM e, em 2010, foi o terceiro maior doador para as campanhas do diretório nacional do PSDB, com repasses de R$ 8,2 milhões à época.
Não somente no DF, também em Goiás, em 2016, a empresa aparece como financiadora de esquemas. O deputado Giuseppe Vecci (PSDB/GO) foi grampeado pela Polícia Federal, atuando em favor de uma empresa contratada pela Saneago (companhia de Saneamento de Goiás), para pagamento de dívidas de campanha da reeleição de Marconi Perillo (PSDB), em 2014.
A empresa, no caso, era a JC Engenharia que doou R$ 1 milhão para o PSDB depois que recebeu valores de contrato com a Saneago. Foi a maior quantia repassada ao então candidato à Câmara dos Deputados. O caso foi divulgado pela imprensa na Operação Decantação, que chegou a prender o presidente do PSDB em Goiás, Afrêni Gonçalves e o então presidente da Saneado, José Taveira Rocha.
A influência do empresário, o pai do arrematador do triplex do Guarujá, junto ao PSDB se manteve ao longo dos anos. Em 2015, ano não eleitoral, o partido foi o que mais recebeu recursos de empresas. Foram um total de R$ 2,7 milhões da Alpargatas, Caoa Motors e da JC Gontijo Engenharia.
Naquele ano, a empreiteira de Gontijo doou R$ 1 milhão ao PSDB, por duas transferências de R$ 500 mil, uma em janeiro e outra em março de 2015.

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