Neste domingo (12), o Bolsa Família volta à primeira página do jornal O Globo com as seguintes manchetes:
“Crise leva meio milhão de volta ao Bolsa Família”
“Taxa de reingresso no programa aumenta com a alta do desemprego”
“Portas de saídas fechadas”
Após exatos nove meses de “governo” sob comando de Temer, o contingente de desempregados bate recorde de 11,8 milhões de pessoas no país refletindo diretamente no aumento da pobreza. Nos perguntamos, onde estão as metas e intenções programáticas do PMDB contidas no documento “Uma ponte para o futuro”?
Entre tantas outras ilusões, o PMDB vendeu para o Brasil que acabaria com a inflação, estabilizaria a crise financeira e que atenderia somente os 5% mais pobres. Nunca ficou claro, se reduziria a pobreza a esse patamar ou só se esqueceria das demais pessoas de baixa renda, reduzindo o Bolsa Família somente a esse contingente. O fato é que para a população, a ponte está indo para o passado.
Os dados trazidos na matéria de O Globo mostram que meio milhão de famílias voltaram ao Bolsa Família em 2016 e que ocorreu um crescimento de 33% pela demanda ao programa no último período. O número de famílias que reingressaram no programa também cresceu em 22,6%. E tudo seria ocasionado pela crise econômica que afeta o país.
Sabemos bem que a imprensa brasileira trata há tempos o Bolsa Família e seus beneficiários, sempre de forma negativa, colocando-os numa condição de “devedores” ao Estado, quando não, intencionalmente como fraudadores. Nessa matéria não é diferente.
Os ingressos e desligamentos do Bolsa Família não são uma novidade justamente pelas rotinas de averiguação e fiscalização instaladas e aperfeiçoadas desde sempre no programa.
Em 2016, 3 milhões de famílias foram desligadas por não atenderem aos critérios de elegibilidade do programa, enquanto que 2,4 milhões de famílias se habilitaram para acessá-lo. Só que o jornal debita essa maravilha às seguidas operações “pente-fino” que o governo Temer têm feito nos programas sociais, que aplica regras muito duras aos mais pobres, porém, ignorando um caráter fundamental da ainda precária condição de renda dessas famílias e de um dos aspectos do Bolsa Família que permite o retorno da família até dois anos após o desligamento, caso o aumento da renda não tenha se efetivado.
Outra questão é a super exploração das operações “pente-fino” que tanto mídia quanto governo adoram usar como exemplos de boa gestão dos recursos públicos. O governo anterior tinha por opção não dar excesso de publicidade à política de entrada e saída do programa exatamente para evitar um discurso recorrente de criminalização dos pobres, como se os beneficiários desligados do Bolsa Família, o fossem por cometer alguma fraude. Cabe lembrar que o percentual de fraude no programa não chega a 1%.
Todo esse “espetáculo” em difundir “pentes finos”, em anunciar um programa alegórico como o “Criança Feliz” e não apresentar nenhuma ação efetiva de melhoria da política pública de enfrentamento da pobreza só serve pra “vender” manchetes de jornais e oprimir ainda mais os pobres e os vulneráveis.
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Foto: Brown Political Review
Fonte: Alerta Social.