Por Marcelo Hailer.
Em novo vídeo publicado nas redes nesta segunda-feira (21), o pré-candidato à presidência da República do PDT, Ciro Gomes, reconhece a existência do Estado laico no Brasil, mas diz que isso não pode nos levar “à negação de uma realidade histórica: o Brasil se formou no berço do cristianismo”.
Com uma música melodramática de fundo, Gomes esquece que é justamente este discurso, de que o “Brasil é um país cristão”, utilizado pela extrema direita fundamentalista para justificar a perseguição às religiões de matriz africana, não permitir que o discurso do aborto avance e também promover o discurso de ódio às LGBT.
Além disso, ao trazer para a discussão a ideia cristã de superação, Ciro Gomes chega a afirmar que “cada um de nós, criado à imagem e semelhança de Deus, carrega dentro de si a centelha de uma vida maior”, dessa maneira, Gomes coloca todo mundo no mesmo balaio moral e religioso e se esquece da diversidade religiosa e espiritual presente no Brasil.
Entre o slogan de Bolsonaro na campanha de 2018 – “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” – e o discurso de religioso de Gomes, há apenas uma eleição de distância.
Em outra profunda generalização, o representante do PDT afirma que há um vínculo invisível – Deus? Cristo? a Igreja? – que conecta o povo brasileiro.
O discurso apresentado por Ciro Gomes, além de confuso, só alimenta os grupos fundamentalistas que dão sustentação ao governo de Bolsonaro e que acreditam, de fato, que só com religião, cristo e longe do comunismo é possível “reconstruir o Brasil”. Será que é esse o caminho que Ciro Gomes acredita?
Somos um Estado laico, mas a Bíblia e a Constituição não são livros conflitantes. O mesmo acontece com a religião e a política. Se observamos bem, veremos que ideias centrais do cristianismo inspiram a vida de todos nós que lutamos por um Brasil melhor. #ReligiãoEPolítica pic.twitter.com/LQ26SZeMDE
— Ciro Gomes (@cirogomes) June 21, 2021