No próximo dia 23 de março, aniversário de Florianópolis, antevéspera da Greve pelo Clima, o coletivo Tecendo Redes, formado por organizações socioambientalistas, realizará a Feira de Ideias para Adiar o Fim de Floripa na praça da Lagoa da Conceição, das 15h às 20h. No evento, grupos e movimentos sociais apresentarão as ações e lutas das comunidades no enfrentamento de questões críticas para a cidade, no contexto da emergência climática que vivemos.
As mudanças climáticas provocadas pela ação humana estão causando perturbações perigosas e generalizadas que ameaçam toda a vida no planeta, como reforçaram centenas de cientistas no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Apesar de estarmos neste momento crítico, tomadores de decisão insistem em propor e aprovar alterações legislativas que que expõem a população e nossa natureza a riscos ainda maiores. Em nome do lucro de poucos, nas esferas municipais, estaduais e federal estamos facilitando e favorecendo atividades que degradam os ecossistemas, fragilizam seu licenciamento e eventual fiscalização, comprometendo a saúde e a proteção do pouco que sobrou.
Um exemplo recente e local são as alterações absurdas do Plano Diretor de Florianópolis que não levam em conta as mudanças climáticas. Esta lei rege como a cidade deve se desenvolver, e não atentou para o devido e obrigatório debate com a sociedade. Outro exemplo é a péssima gestão do saneamento básico pela concessionária CASAN e pela prefeitura, que tem afetado diretamente as comunidades.
Já vemos as consequências deste misto de emergência climática e má gestão. Tivemos tristes exemplos de colapsos locais, como o maior crime ambiental da história da cidade na Lagoa da Conceição, os deslizamentos nos morros, enchentes históricas, florações de algas nocivas e seca extrema que vitimou a Lagoa do Peri, erosão engolindo nossas praias , além da poluição dos rios e do mar. Todos esses eventos revelam nossas vulnerabilidades e interdependências que temos de ambientes naturais preservados e saudáveis.
Este ano, a greve global pelo clima acontece na mesma semana do aniversário da cidade. Assim, em consonância com a mobilização internacional, ocuparemos a praça da Lagoa da Conceição, lugar emblemático do ponto de vista ambiental, para dialogar com a população, denunciar os crimes ambientais que estão sendo cometidos, bem como divulgar as boas ações e soluções comunitárias que já estão sendo feitas.
Temos um longo histórico de lutas ambientais e pelo direito à cidade que se espalham pelo território. Em um momento tão crítico para a humanidade, com guerras, pandemia e emergências climáticas, enquanto bilionários financiam projetos de colonização de outros planetas, é urgente juntarmos as diferentes “ideias para adiar o fim do mundo”, em referência e reverência ao título do livro do autor indígena Ailton Krenak, e agirmos juntos, para não deixar morrer a magia da ilha, a única que temos e amamos.
Bora mudar o sistema, não o clima!
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