Chade declara estado de “emergência alimentar”

O Chade declarou estado de “emergência alimentar” devido à “constante deterioração da situação nutricional” provocada pela guerra na Ucrânia. Foto: Djimet Wiche/AFP

RFI.- O Chade declarou estado de “emergência alimentar” devido à “constante deterioração da situação nutricional” provocada pela guerra na Ucrânia. No decreto assinado, esta quinta-feira, 2 de junho, o governo alerta para o risco elevado a que está exposta a população se não for prestada assistência humanitária, nomeadamente alimentar.

As autoridades chadianas declararam estado de “urgência alimentar” devido à “constante deterioração da situação nutricional” provocada pela guerra na Ucrânia.

O decreto assinado ontem pelo chefe da Junta militar no poder, Mahamat Idriss Déby Itno, chama a atenção para o risco elevado a que está exposta a população se não for prestada assistência humanitária, nomeadamente alimentar.

No documento as autoridades apelam aos parceiros nacionais e internacionais para ajudar a população.

De acordo com a as Nações Unidas, 5,5 milhões de chadianos, ou seja um terço da população, precisavam de “ajuda humanitária de emergência”, em 2021. No entanto, a guerra na Ucrânia, e o bloqueio de cereais imposto pela Rússia, veio agravar a situação.

A ofensiva russa contra a Ucrânia- que assegura 30% das exportações mundiais de trigo- conduziu a um aumento do preço dos cereais e dos óleos alimentares, ultrapassando os recordes de 2008 durante as manifestações contra a fome e no decorrer da revolução da Primavera Árabe, em 2011.

A ONU receia “um furacão de fome”, principalmente nos países africanos que importam mais da metade de trigo da Ucrânia ou da Rússia.

Esta semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a invasão russa da Ucrânia, para além de devastar o país, é responsável por “uma crise global tridimensional de alimentos, energia e finanças, que pesa sobre a população, países e economias mais vulneráveis”.

O medo de uma grande crise alimentar é particularmente sentido no continente africano, onde, em muitos países, a população, que vive no limiar da pobreza, sente o impacto do aumento dos preços – que os Estados não podem conter por falta de recursos financeiros.

Esta sexta-feira, o Presidente do Senegal e presidente em exercício da União Africana, Macky Sall tem encontro marcado com o seu homólogo russo Vladimir Putin, na cidade de Sotchi. A deslocação acontece a convite de Vladimir Putin e a acompanhar Macky Sall está o presidente da Comissão da União Africana, o chadiano Moussa Faki Mahamat.

A União Africana espera assim “contribuir para algum apaziguamento na guerra na Ucrânia e apelar ao desbloqueio dos stocks de cereais e fertilizantes, cujo entrave afecta gravemente os países africanos”.

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