Ceom encontra conjunto funerário nas margens do rio Uruguai

Por Gabriel Kreutz/UnoChapecó.

Saber que muito antes da nossa existência a região Oeste já era habitada por povos muito diferentes de nós, por sí só já é um fato interessante. Mas entender sua importância e como eles viviam, nos ajuda a compreender a nossa própria história. No último fim de semana, o Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom/Unochapecó) encontrou mais uma dessas peças que contam a história dos nossos ancestrais. Uma urna funerária foi escavada, no município de Itapiranga, às margens do rio Uruguai. O achado marca o início do projeto de ‘Recadastramento de Sítios Arqueológicos nas Mesorregiões Oeste e Planalto de Santa Catarina’.

“Trata-se de um conjunto funerário composto por uma urna de cerâmica lisa e um vaso de cerâmica com decoração utilizado como tampa. Na parte interna foram encontrados somente alguns dentes, estes indicam que era um jovem. O achado pertence a grupos pré-coloniais conhecidos como Tupiguarani ou Guarani, que viveram na região entre mil e 500 anos atrás”, explica a coordenadora do Ceom, professora Miriam Carbonera.

A notícia sobre o achado veio através de conhecidos da professora, que contaram que um senhor, ao lavrar a terra em fins de dezembro, bateu com a máquina na tampa da urna. “Escavaram uma parte do entorno para ver o que era. Como fui comunicada a tempo, pedi que não fizessem a remoção completa. No mês de janeiro recebi autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e depois disso foi possível realizar a escavação no local”.

Essa é a terceira urna encontrada e escavada pela equipe do Ceom e soma aos estudos realizados para o entendimento destas culturas antigas. “Agora será feita a reconstituição no nosso laboratório e posteriormente a análise do material, para depois ser publicado em artigo”, conta a professora. Após esse processo, o conjunto funerário fará parte do acervo do Ceom e poderá ser utilizado para exposições e novas pesquisas.

Mas este achado vai muito além de uma peça de museu, ele mostra a riqueza do patrimônio arqueológico da nossa região e a importância que a comunidade tem na preservação desses bens. “Revela também a diversidade cultural do passado e das práticas sociais desses grupos antes do contato com o homem branco”, conclui Miriam.

 

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