Primeiramente Fora Temer!
As ocupações das escolas são movimentos que surgiram a partir da resistência dos estudantes diante do Golpe de Estado e do grande retrocesso histórico que o Brasil se encontra, principalmente na área da Educação.
Em São Miguel do Oeste/SC, estudantes do Colégio Estadual Dr. Guilherme José Missem, Escola Estadual Básica São Miguel e Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), campus de São Miguel do Oeste, organizaram-se e somaram forças com o movimento de ocupação que a nível nacional mobilizou jovens de mais de mil Escolas, Universidades e Institutos Federais.
Nós estudantes do Instituto Federal campus de São Miguel do Oeste permanecemos durante 37 dias ocupando e resistindo. Destacamos a realização de diversas atividades durante o período das ocupações, tais como: debates, oficinas, assembleias e ‘aulões’ que contribuíram para o crescimento e evolução do conhecimento político, social, histórico, econômico e para a transição do pensamento individualista para o aprendizado a partir da vivência coletiva.
A exemplo do Instituto Federal, a ocupação no Colégio Estadual Dr. Guilherme José Missem possui um significado importante para a comunidade, considerando que o Colégio Guilherme Missem fica localizado nas proximidades das comunidades empobrecidas de São Miguel do Oeste e onde estudam meninos e meninas que desejam seguir estudando e reivindicando o Ensino Médio, já ameaçado de ser retirado da escola no período noturno.
Este colégio é nosso espaço de luta e por isso permanecemos por três semanas ocupando, estudando e reivindicando os nossos direitos, mesmo com ameaças de pessoas ligadas a Direção da escola que durante todo o período da ocupação tentaram nos intimidar, fazer desistir, no entanto, permanecemos firmes afinal de contas, essa é a nossa escola. A juventude pobre da favela, mestiça, perseguida, ocupou porque tem compreensão do contexto político, social, econômico que estamos vivendo e não queremos perder nossos direitos.
Enquanto estudantes da Escola Estadual Básica São Miguel também sentimos a necessidade de ocupar a nossa escola em razão da reforma que há oito meses está parada e oferecendo riscos para a comunidade escolar. Nesse período de três semanas de ocupação aprendemos muito nas oficinas, rodas de conversa e outros diálogos feitos e gostaríamos de deixar evidente que não aceitaremos que nossa escola seja sucateada. Por lutar, por querer fazer diferente, fomos perseguidos por parte da Direção da escola que todos os dias tentava nos intimidar rasgando os nossos cartazes, chamando a polícia e tantos outros assédios cometidos por pessoas que estão dentro da escola mas que não representam a Educação. Pessoas que por estarem em cargos de confiança (des-confiança para nós), fazem de tudo para manter seus empregos e por isso mostraram-se contrários a ocupação. No entanto, nos mantemos firmes graças ao apoio de vários movimentos, pastorais sociais, sindicatos, Igreja, Educadores/as que nos deram muita força.
Diante de tudo isso, afirmamos:
* Nós, enquanto estudantes e militantes, jamais nos calaremos diante das injustiças e da retirada do que é do povo por direito, como a educação pública de qualidade;
*O movimento de resistência estudantil deu início a um processo de luta que não se extinguirá com o “fim” das ocupações das escolas;
*Enfatizamos que ninguém calará a nossa voz e que deixaremos as ocupações com o pensamento de luta ainda mais fortalecido. Instituímos a promessa de que as ocupações foram o primeiro passo e que a luta contínua.
Mediante tudo isso, posicionando-nos contrários à:
- PEC 55, que prevê o congelamento dos gastos primários por 20 anos, que atingirá diretamente a classe estudantil e trabalhadora;
- MP 746/2016, que retira a obrigatoriedade de disciplinas fundamentais que auxiliam na formação do pensamento crítico e criativo dos cidadãos e contribui no processo de inserção do jovem cada vez mais cedo no mercado de trabalho dominador, opressor e de mão-de-obra escrava;
- Escola Sem Partido (Lei da Mordaça), que pretende alienar e barrar a tentativa de formação de um pensamento crítico e plural por parte dos jovens, e assim como a MP 746, pretende desvalorizar a profissionalização dos educadores, bem como facilitar a perseguição ideológica e moral dessa classe;
- O golpe de Estado e a perda de direitos alcançados historicamente através da luta do povo;
- Reforma da Previdência que estipula idade mínima de 65 anos para o trabalhador e a trabalhadora aposentarem-se. Nenhum trabalhador que a vida toda foi explorado por seu patrão tem condições de trabalhar até os 65 anos de idade.
Ao deixarmos as ocupações provisoriamente, gostaríamos de dizer que nossa ‘saída’ é digna de quem se preocupa e luta. Somaremos nas ruas onde a multidão terá que ser maior para derrubar o golpe. Agradecemos a cada um e cada uma que contribuiu com esse processo de luta que para nós está apenas iniciando. Já fizemos muitos enfrentamentos nesse último período e estamos dispostos a fazer mais e somar forças com todos/as que acreditam em uma sociedade diferente. Nossos direitos estão sendo deturpados por isso a luta é necessária. Nos encontramos logo mais, à frente.
FORA TEMER!
FORA MÍDIA GOLPISTA!
FORA CAPITAL!
OCUPAR É RESISTIR! RESISTIMOS!
OCUPAÇÃO É LEGÍTIMA DEFESA!
Assinam este documento:
Colégio Estadual Dr. Guilherme José Missem
Escola Estadual Básica São Miguel
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) campus de São Miguel do Oeste/SC.