Por James Ratiere para Desacato.info
Não moço, tô armado não!
Quer dizer.
Tô carregado
Carrego PALAVRAS
Sabe coé?
Conhece não?
POESIA?
Eis a questão
Minha pele preta
É cor de ladrão
Se tô na rua
Ceis vem loucão
Com arma na minha cara
Dar voz de prisão
E a minha voz
Por isso eu tô aqui
E vou gritar
Tô com sangue no zoio
Porque quero sonhar
Ver a favela sorrindo
Não de luto, chorar
Ceis matam nós
E mudam a história
E o favelado
Foi que começou
E a polícia protege, OH GLÓRIA
Tô carregado moço
De versos e prosa
Vou cara na tua cara
Nessa farda, nessa jossa
Ceis nos massacram
Olha aí tem sangue na tua mão
Como lixo nos despacham
Pisando em nós nesse chão
Mas sabe que se não fosse vocês
Aqui nasceria muito tra
Tra tra tra
(mais vidas interrompidas)
Sua arma quer (a)tirar
Em trabalhador
Confunde guarda chuva com fuzil não senhor!
Tudo história pra boi dormir
Desde a colônia que ceis tão aqui
Matando!
Preto, pobre favelado não tem vez
De domingo a domingo suor na tez
E se demorar no pagode leva saraivada
Se for pro baile funk lá na quebrada
Morre
Foram nove de uma vez
Mais nove, depois de Agatha, Silvio, Marielle e o escambau.
Ceis saem com o berro e se acham o tal
Mas não vão dar cabo de noiz
Aqui não!
Aqui não!
Não na minha gestão
Aqui a gente combate
Com PALAVRA sabe coé?
POESIA sabe coé?