Capitalismo: destruição do Universal. Por Jorge Alemán.

Por Jorge Alemán.

O capitalismo prepara o Ocidente para a extinção da democracia e a extinção do projecto universal dos direitos humanos. A ideia é substituí-los por planejamento social para “indivíduos”.

Para conseguir isso, existe uma agenda de partidos de extrema-direita, meios de comunicação clássicos e novas redes que funcionam como um dispositivo para a destruição da memória histórica. O mundo zumbi prepara sofisticados avanços tecnológicos combinados com o caos social onde uma lógica concentracionista de um novo tipo se encarregará do que se chama de capital social ou humano. O que dará origem a grandes segmentos da população lançados na subsistência e incapazes de encontrar um lugar como sujeitos. O que se chama de “sujeito” exige condições simbólicas e laços sociais que estão sendo rapidamente destruídos.

Há poucos dias falava com um brilhante líder da esquerda espanhola e falávamos deste sentimento inequívoco de estar sempre atrasado, por mais verdadeira que fosse a proposta em questão. O triunfo das experiências progressistas ou nacionais e populares é sempre uma boa notícia, mas seria cego não ver que o mundo do Capital prepara guerras e sociedades não democráticas. Ou, por outras palavras, o futuro é concebido a partir de agora pelos poderes constituídos como um futuro de direita. Aqui não abordo se é conveniente deixar de falar em esquerda e direita, mas a minha experiência tanto com o peronismo como com o Podemos não me convence dessa solução. Principalmente agora que a direita se orgulha de se autoproclamar como tal e até disputa qual partido melhor representa a guerra desencadeada contra o que o novo Capitalismo quer que caia do seu sistema. Eles sabem que a Revolução como acontecimento histórico está fora de questão e não há revoltas a temer.

Dado que esta situação pode obviamente passar por momentos de caos e destruição, são muitos os políticos bem-intencionados que propõem a reintrodução da “Racionalidade”.

Mas as peças filosóficas que constituem a racionalidade moderna são as mesmas (baseadas em longas sequências de deformação ideológica) que constituíram o capitalismo contemporâneo. Como exemplo principal, a “universalidade” tornou-se fonte de lógica de segregação e dominação racial. Na verdade, os confrontos civilizacionais que poderão ocorrer no mundo vindouro não propõem outro universal que não o seu próprio domínio na globalização do planeta.

Por tudo isto, hoje os chamados projetos de Emancipação devem inaugurar uma teoria radical sobre a modernidade onde nasceram e as diferentes formas de internacionalizar geopoliticamente os seus projetos. É o primeiro passo para não ceder à outra frente de dominação capitalista: espalhar a impotência e a depressão sobre as populações.

Tradução: TFG, para Desacato.info.

A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

 

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