Bruno e Dom

Foto: @INAindigenista

Por Roberto Liebgott, Cimi Sul.

Vidas pelas vidas, vidas ceifadas, matadas, esquartejadas, incineradas, enterradas no lodo da mata encharcada.

Vidas arrancadas por mãos assassinas, por gente perversa, não eram pescadores os algozes, mas matadores a mando de covardes protegidos em mandatos políticos, nos gabinetes e palácios governados por tiranos.

Vidas pelas vidas indígenas, dos povos livres, das comunidades ribeirinhas engajadas na preservação do ambiente contra o garimpo, a depredação e exploração desmedida.

Vidas pelas vidas na ausência de fiscalização estatal, dispensada e desmantelada pelo cinismo governamental, facilitador e avalizador dos crimes, das ameaças, das torturas, da mais vil brutalidade.

Vidas pelas vidas dos que ficam, daquelas e daqueles que os amam, admiram, que sentirão falta do sorriso e das lágrimas, do abraço e do beijo, da militância comprometida com o bem viver.

Vidas pelas vidas indígenas que ainda terão outras dores, lamentos, tragédias e tristezas, porque os perversos permanecem ativos, vomitando ira e sedentos pelo sangue e destruição.

Vidas pelas vidas daqueles que já se foram, os ancestrais, as espiritualidades, os encantos da natureza que agora os têm na harmonia definitiva, os acolhem com o devido e máximo respeito.

Vidas pelas vidas, que esse sacrifício não seja em vão.

Porto Alegre, 16 de junho de 2022.

 

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