Por Celso Vicenzi.
O “modus operandi” do Brasil sem lei (lei só para enquadrar adversários do regime) já está decidido. A Polícia Federal monta um aparato de guerra gigantesco para prender e conduzir coercitivamente quem nunca se recusou a prestar depoimento sobre o que quer que seja. Faz a operação com base em meras suspeitas, pulando etapas do que deveria ser um processo formal na justiça, com direito à defesa antes de ser exposto à execração pública. O Judiciário faz de conta que não vê a exceção e o arbítrio contra o Estado Democrático de Direito. O Ministério Público, politizado e fascinado com os holofotes e a fogueira das vaidades, elenca um festival de “diz-que-diz” de pessoas nem sempre idôneas, chancela e assina embaixo, seletivamente, é claro, pois contra tucanos e outras aves de bico ou porte grande, não é besta de abrir o bico.
A mídia faz a cobertura sem nenhuma crítica a esses exageros e cria um clima de que o Brasil está sendo “passado a limpo”. Uma população é anestesiada por essa avalanche de acontecimentos e a tudo assiste passiva, sem entender que já está sendo traçado o pior dos destinos para o seu futuro – o futuro dos pobres e da classe trabalhadora do país. E tem ainda a classe média, aquela que bateu panelas e dançou com patos amarelos, que vai perdendo as calças, os anéis e os dedos, mas continua a fazer cara de “gente fina”, tentando ostentar o que não tem, uns poucos degraus acima da pobreza e a quilômetros de distância dos ricos em que se espelham com a ilusão de que um dia também farão parte da elite que a oprime.
Quando não for mais possível conter a revolta popular (fome, carestia, desemprego, humilhação, salários aviltantes, jornadas exaustivas, depressão, escravidão, corrupção etc), os golpistas vão pedir o apoio das Forças Armadas para “restabelecer a ordem”.
A ordem, no caso, é aquela que saqueou o país, entregou nossas riquezas, destruiu com a inteligência, botou a nação de joelhos diante dos interesses imperialistas e privilegiou corruptos e seus parceiros em um golpe contra a soberania e o futuro de um Brasil eternamente Colônia.
Nossos “patriotas” são muito ferozes para combater e atacar aqueles que lutam por um Brasil para todos, mais justo e fraterno, orgulhoso de sua cultura, dono do seu destino no cenário internacional, mas são extremamente dóceis para com os donos do capital e seu universo de privilégios, cujo dinheiro nunca teve pátria. Sempre dispostos, aliás, a vender o país, falar mal dos brasileiros, e se mudar para Miami, Paris ou qualquer outro lugar longe daqui, onde possam gastar fortunas made in Brazil.
Fonte: Celso Vicenzi