Por Bruna Bronoski, para o Joio e o Trigo.
Quando trabalhava com carteira assinada, em 2018, como auxiliar de balança eletrônica, Paulo Cezar Martins Almeida, 38 anos, abriu uma conta numa corretora de valores. Ele virou um investidor na B3, antiga Bovespa, no mesmo ano em que o mercado de valores brasileiro ainda não tinha chegado à marca de um milhão de investidores individuais, que são um grupo à parte das empresas e instituições investidoras. Naquele ano, eram 700 mil CPFs aplicando lá.
Veio a pandemia, Paulo Cezar perdeu o emprego e ficou difícil continuar a investir parte dos seus rendimentos de pouco mais de um salário mínimo no mercado financeiro. Em 2021, trabalhando como motorista de aplicativo em Curitiba, ele voltou à ativa, ou, aos ativos. No ano do seu retorno à bolsa de valores, o cenário da B3 já era outro. O número de investidores individuais havia multiplicado por seis, para 4,2 milhões.
Como trabalhador autônomo, sem previsão de rendimentos do mês, Paulo Cezar não consegue fazer aplicações frequentes. “É mais quando sobra, sabe?”, comenta. Mas ele continua lá, ao lado de outros 5,3 milhões de pessoas únicas que, em 2023, com frequência ou não, separam parte de suas rendas e a aplicam em produtos do mercado de capitais. Entre seu ano de entrada na bolsa de valores e o atual, o salto de investidores individuais foi de 657%.
“Eu comecei a aprender, o que me ajudou muito foi a internet, graças ao YouTube”, explica Paulo Cezar sobre os primeiros contatos com o mercado de valores. O aumento exponencial de novos investidores pode ser explicado pela popularização dos meios digitais e do acesso à internet, além do volume de informação e conteúdo financeiro produzido e disponível nestes canais. Mas não só.
Governos e setores da economia têm peso expressivo e foram o pontapé inicial para o boom de pessoas físicas que entraram no sistema online financeiro. Um dos setores se destaca por aparecer em primeiro lugar nos relatórios da B3 e apresentar os maiores volumes de crescimento de duas estatísticas, o de novos investidores individuais e o volume de aplicações: o agronegócio, ou as cadeias produtivas de matérias-primas do campo voltadas à exportação, lidera com folga sobre o outro setor financiado pelo mercado de capitais.
Enquanto o setor imobiliário apresentou crescimento de até 89% no número de novos investidores e valores totais sob custódia, o “setor agro”, assim chamado pela B3, ostenta números até três vezes maiores que transações envolvendo a construção civil, aluguel e venda de imóveis nas cidades. Entre 2020 e março de 2023, os investidores individuais do setor dispararam, aumentando 272%. De grão em grão, ou melhor, de investidor em investidor, o setor chegou a reunir R$ 460,1 bilhões em aplicações de pessoas físicas no período, um crescimento de receita de 215%.
Na conta da B3 para o setor agro, entram três produtos de investimentos. São as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), ambos criados em 2004; e o recente Fundo de Investimento das Cadeias Produtivas Agroindustriais, o Fiagro, regulamentado em 2021.
Esse dinheiro, que rende juros aos cotistas de fundos e investidores de renda fixa, é tomado em empréstimos pelo setor agroexportador. Serve para financiar a compra de insumos, sementes e agrotóxicos, até a logística e armazenamento dos produtos finais. São empresas agroindustriais de médio a grande porte, como usinas sucroalcooleiras; indústrias de celulose; produtoras de carne e frigoríficos; operações logísticas rodoviárias, ferroviárias e portuárias de produtos do agronegócio; galpões de armazenagem; entre outros.
Parte das empresas tomadoras de recursos do mercado financeiro são denunciadas por crimes ambientais, grilagem de terras públicas, despossessão de grupos indígenas e quilombolas de territórios ancestrais e trabalho análogo à escravidão. Mesmo assim, estímulos fiscais e baixos preços, a exemplo do Fiagro, que vende cotas inferiores a 10 reais, são chamariz para investidores individuais que têm quantias a “guardar”, “economizar”, “investir para o futuro”.
Máquina de fazer investidor
Declarado favelado, o Favelado Investidor passou a promover oficialmente a B3 ao alcançar visibilidade pela plataforma online de vídeos YouTube. O influenciador vende seu peixe por se apresentar como um investidor “pessoa comum”, que tem origem da periferia e que, ao mesmo tempo, é sócio de multinacionais, o que incentiva outras pessoas físicas a seguir seu modelo de finanças.
Outro influencer vende um peixe similar, porém “mais especializado”. Ele não se apresenta como “pessoa comum”, mas como profissional de operações na bolsa. O canal Stormer reúne 288 mil inscritos no YouTube que já passaram os olhos por alguns dos mais de 800 vídeos postados pelo gaúcho Alexandre Wolwacz. “Stormer” vem do apelido de exército “stormtroopers”, que nas palavras do youtuber são “as tropas de elite enviadas em casos difíceis”.
Na gíria em inglês, o termo também significa “um exemplo de excelência”, ou ainda remete à expressão “perfect storm” [tempestade perfeita], usada no mundo investidor quando mais de uma variável ocorre ao mesmo tempo e proporciona um resultado muito bom. Como publica Alexandre Stormer em suas redes sociais, disciplina, estudo e gerenciamento de risco são algumas das variáveis para operações de trade de sucesso.
Alexandre Stormer é médico e cirurgião plástico, mas deixou a profissão para se dedicar totalmente à bolsa de valores em 1998, quando o número de investidores individuais era muito menor que o atual. “Naquela época, a bolsa era muito mais incipiente, a gente girava em torno de R$ 200 milhões por dia, existiam só 50 mil pessoas físicas operando ações no ano de 2000, ou seja, uma piada, né?”, diz ao Joio.
As operações na bolsa não têm garantia alguma de retorno financeiro e os valores de ações variam conforme o mercado internacional, o que disse ou deixou de dizer o presidente da República, as votações de leis no Legislativo e a guerra na Ucrânia, entre outros fatores. Neste mercado de risco, o influencer relata ter vivenciado várias fases como trader, de alta de entrada de investidores e, no cenário oposto, de “sumiço” deles, como na quebra da bolsa norte-americana em 2008.
Ele atribui à criação do “mini-índice” o fato dos pequenos investidores, ou seja, as pessoas físicas menos capitalizadas, começarem a despontar no mercado financeiro. Segundo a B3, os Minicontratos Futuros ou mini-índice, produtos de mercado futuro listados na bolsa e mais acessíveis, são os derivativos com maior número de investidores pessoas físicas de 2023.
“A introdução do mini-índice, isto lá em 2006, se eu não me engano, foi um dos primeiros movimentos para popularizar um pouco mais a bolsa, porque a pessoa podia, com menos recursos, comprar um mini-índice e com isso poder operar. Depois disso, vieram os fundos imobiliários”, descreve Stormer, com um adendo. Ele pontua que os Fundos de Investimento Imobiliário, conhecidos pela sigla FII, estavam disponíveis a cotas de cerca de 100 reais cada uma, ainda distantes da massa de pessoas que entraria, em breve, no mercado financeiro.
Para alcançar quase cinco milhões e meio de CPFs e angariar dinheiro mais pela quantidade de pequenos investidores e menos pelo tamanho do bolso de poucos investidores capitalizados, os FII baixaram, e muito, de preço. “Apareceram fundos imobiliários cotados em 10, em sete, em nove reais. Isso é uma coisa bem mais recente, tá? De um ano e meio a dois anos pra cá, [o FII de cotas baixas] está na tenra infância”, metaforiza. Para Stormer, a soma do mini-índice na bolsa e o FII acessível convidou investidores de todos os tamanhos de salários e rendas a arriscar no mercado de capitais.
A depender do movimento de influencers digitais financeiros, os novos investidores podem ser os antigos poupadores. “Você ainda investe na poupança?”, pergunta-se em um vídeo de 2021. Em outro publicado em 2022, uma influencer diz que “[aplicar na] poupança é a pior coisa que você vai fazer na sua vida”. Segundo dados do Banco Central do Brasil de 2022, a caderneta de poupança teve desempenho negativo nas captações líquidas, que é a diferença entre depósitos e retiradas, de R$ 102 bilhões dos estoques em relação a 2021. É o segundo ano consecutivo em que as retiradas são maiores que os depósitos.
O banco “físico”, aquele com agência, porta giratória e gerente engravatado, ao qual os investidores mais conservadores costumam confiar suas economias, oferece em geral dois produtos de investimentos: a Caderneta de Poupança e as Letras de Crédito, que podem ser Imobiliárias (LCI) ou do Agronegócio (LCA). No primeiro trimestre de 2023, as LCAs bateram os R$ 324,6 bilhões sob custódia dos bancos, à frente das LCIs, enquanto a poupança chegou aos R$ 925,1 bilhões. Embora as LCAs tenham cerca de um terço do valor da Caderneta de Poupança, a procura da primeira pelos investidores é muito maior do que a segunda.
De acordo com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura ambos os investimentos para pessoas físicas em caso de quebra do banco, as LCAs cresceram 116,5% entre março de 2020 e março de 2023, frente a um crescimento de 11,5% da poupança.
Se os bancos “grandes” oferecem produtos de renda variável aos investidores individuais conservadores, os perfis moderados e arrojados – que arriscam mais na hora de aplicar – encontram no YouTube, Instagram e em grupos de aplicativos de mensagens centenas de outras opções de investimento para alocar suas rendas excedentes.
Num grupo de investidores do Telegram, um membro afirma que investiu num Fiagro após ver a postagem de um influenciador comemorando a aprovação do projeto de lei que institui o marco temporal para as Terras Indígenas no Brasil. “Enchi o carrinho”, disse o investidor em 1º de junho. Segundo o influenciador digital, aprovar o marco temporal confere “segurança jurídica para os donos de terra, uma vitória da Frente Parlamentar Agropecuária brasileira”.
Também foi pela internet que Paulo Kruschewsky, 23, passou a investir em renda variável. “Eu não lembro, mas acho que eles [youtubers] apareceram para mim, o Google nunca falha, né? Eu devo ter pesquisado qualquer coisa e isso deve ter me levado a eles”, palpita o jovem baiano de Salvador, hoje residente em Lisboa, Portugal, sobre o que o empurrou para dentro do mercado financeiro. Mesmo trabalhando como autônomo na construção civil, sem salário fixo e recebendo em euro, Kruschewsky manda dinheiro ao Brasil, que converte e aplica na bolsa de valores.
“Eu não deixo o dinheiro na poupança. Em cenários de taxa de juros mais baixas, na maioria das vezes a poupança perde para a própria inflação”, declara Kruschewsky, mesmo sabendo que a taxa básica de juros, a Selic, se mantém em alta no Brasil. No mercado de valores de dezembro de 2020, a poupança não é uma opção para ele.
A entrada de jovens assíduos no mercado de valores também é notada por Stormer. “A gente vê nitidamente que o público se torna mais jovem do que era em 2005, 2006, 2007. Naquela época, as pessoas que entravam na bolsa tinham 40 anos, 45 anos, 50 anos. E hoje eu tenho visto muita gente jovem. Tenho alguns alunos com 15, 16, 17 anos. Os caras estão perguntando sobre bolsa, pensando em empreender, já estão pensando em como é que eu posso me tornar sócio de boas empresas”, observa. O trader não está errado ao notar a juventude na bolsa. De acordo com o relatório de investidores de março deste ano da B3, metade dos novos investidores individuais têm entre 25 e 39 anos de idade.
Grande parte deles investe no agronegócio. E não faltam influenciadores digitais financeiros para impulsionar o setor. Embora Stormer não tenha “nichado” para este setor e apresente em suas lives empresas que vão desde estatais da mineração às prestadoras de serviço, o trader gaúcho declara: “Eu acho que o agro é o Brasil que deu certo. Se tu perguntar assim, ‘Stormer, tu acha que tem alguma parte do Brasil que deu certo?’ É o agro.”
Investindo na alta de preços
Oito em cada 10 cotas de Fiagro oferecidas no mercado de capitais foram negociadas por pessoas físicas. O levantamento é da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) e mostra este padrão desde a criação do novo fundo de investimento, voltado às cadeias agroindustriais.
A lei do Fiagro foi aprovada com rapidez em 2021. A perfect storm do Fiagro passa pela configuração do governo federal à época, com Bolsonaro na presidência, e pela força econômico-política que a bancada ruralista apresenta no Legislativo, com um terço dos parlamentares a favor de suas pautas.
O lobby ruralista prega a necessidade do setor de se “autofinanciar”, ou de “caminhar com as próprias pernas”, como diz o autor do projeto de lei, o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). Como vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Jardim afirma o objetivo do agronegócio de fazer com que o Plano Safra e os subsídios estatais sejam “cada vez menos importantes”. Para isso, conta com o apoio de investidores pessoas físicas.
O Fiagro consagrou um movimento de financiamento privado do agronegócio no Brasil, afirma Bruna Figueiredo Gonçalves, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ).
“Talvez as LCAs e os CRAs fossem só mais alguns instrumentos com siglas que ninguém sabia o que eram. Mas com o Fiagro é todo um arcabouço criado para o agronegócio, o que deu uma visibilidade muito maior à importância do setor e à presença dele dentro do mercado de capitais, em como as pessoas poderiam investir nele e participar dele”, analisa.
Para Gonçalves, a financeirização das commodities deve levar à volatilidade de preços, como de terras e de alimentos. “A decisão por onde investir ou não fica a cargo dos investidores financeiros, e não importam as necessidades nacionais, a segurança alimentar. [O dinheiro] vai para onde for mais interessante financeiramente, independente se vai acabar o feijão no país”, conclui. Não sendo prioridade do setor agroindustrial, determinados cultivos podem perder financiamentos e ter a oferta encolhida.
Os incentivos fiscais atraem pessoas físicas para tais investimentos. O catarinense e economista Ezequiel Henrique Selhorst Philippi conta que possui 30% das suas aplicações de renda fixa em Letras de Crédito, parte no setor imobiliário e outra parte no agronegócio. “Eu vejo o que está dando mais retorno e aplico, muito por causa da isenção de imposto de renda”, conta o investidor.
Perguntado sobre o motivo de aplicar dinheiro em produtos do agronegócio, Philippi ainda dá outro motivo: “Por uma questão dos números, né? O Brasil quebra recordes de produção e tem a questão do PIB do Brasil, [onde] o agronegócio tem uma participação muito relevante.”
Ele não está sozinho ao falar de PIB e agronegócio. Mesmo após a queda da contribuição do setor agropecuário para o Produto Interno Bruto, cuja participação foi de 24,8% em 2022, ou após a continuidade de queda de 1,7% do primeiro trimestre deste ano em relação ao período anterior, os profissionais do mercado financeiro continuam usando a marca percentual de 2021, quando o agronegócio foi responsável por 26,6% da arrecadação, para convencer investidores de que há segurança de aplicar no setor.
Segurança total não existe no banco, nem embaixo do colchão, tampouco nos novos investimentos do agronegócio. Há o risco de sobreposição entre os diversos produtos do mercado financeiro. Um exemplo são os Fiagros, que podem estar alocados em centenas de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), os quais não asseguram garantia de pagamento ao investidor. Se houver inadimplência de uma empresa agrícola que toma recursos de CRAs, isso pode significar a quebra do fundo de investimento e consequente prejuízo financeiro aos investidores.
“O financiamento do setor já existe há muito tempo, o que estamos vendo agora é um movimento de financeirização. E o que é a financeirização? É justamente quando você vai empacotando dívidas sobre dívidas, tornando a cadeia de dívidas mais complexa. Você aumenta os riscos desse sistema, caminhando rumo a uma instabilidade que é inerente ao mercado financeiro”, pondera Gonçalves.
Aliança estatal e privada
No último Dia dos Namorados, o jornal online Estadão lançou o editorial “Os acenos de Lula para o agronegócio”, sobre esta dupla que segue entre tapas e beijos, ou alianças e “atritos”, como diz o texto: o governo e o agronegócio.
O texto sem assinatura, que expõe a opinião dos donos do jornal, critica o atual presidente sobre suas relações próximas com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e suas supostas investidas contra os grandes produtores rurais do país. Cita uma fala de Lula numa feira do agronegócio na Bahia: “Se não é o Estado colocar dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está.”
Em seguida, após várias defesas da grande produção de commodities, o editorial indica que “a participação do Estado na revolução agropecuária nacional desmoraliza dogmas ultraliberais”, ou seja, os dogmas daqueles que apoiam que o mercado deveria reinar com total liberdade sobre a economia, sem regulação estatal que o “amarre”.
Dá pra se ter uma ideia de que tamanho o agronegócio está. Em produção, gigante. Em receita para financiar esta produção, bilionário.
No ano-agrícola 2022-2023, que termina em junho deste ano, o aporte estatal à produção agroindustrial no país foi de R$ 340,8 bilhões, sendo 72% deste valor destinado ao custeio e à comercialização, como gastos de compra de insumos e logística, e o restante para investimento, como a modernização de estruturas agropecuárias, compra de máquinas agrícolas e construção de silos e galpões.
Já os recursos privados, dos quais participam pessoas físicas e jurídicas, fecharam o balanço de maio de 2023 com R$ 776,7 bilhões, mais que o dobro do subsídio público disponível para empréstimos. Os valores, compilados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, correspondem aos estoques de títulos como a Cédula do Produtor Rural (CPR), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), além do patrimônio dos Fiagros.
Se com uma mão o governo transfere subsídio estatal, com a outra apoia os projetos de financiamento privado do setor, uma aposta na união do agronegócio com o mercado financeiro. Foi no primeiro governo Lula que vários mecanismos de investimento privado citados na reportagem foram lançados. No outro espectro político, o governo Bolsonaro contribuiu para que a fama da “força do agro”, que já vinha há anos sendo chamada de “pop e tech” na televisão, reverberasse na decisão de milhões de pessoas a investir no setor.
“Graças ao presidente do governo passado, ele falava muito do agro e abriu a mente das pessoas sobre essa questão, a potência, a capacidade do Brasil em crescer muito nessa parte, né?”, afirma Paulo Cezar, sobre ter começado a investir em dois Fiagros durante o governo Bolsonaro.
Segundo Bruna Figueiredo Gonçalves, existe um problema de transparência na distribuição de recursos à vista.
“No Crédito Rural [subsidiado], o governo dispunha de diversas categorias, crédito para custeio, para investimento. Você tinha minimamente uma política pública organizada, que conhecia para onde iam os investimentos, para qual setor, para qual finalidade, para quem. Quando você transfere para o mercado financeiro, você perde informações sobre como está funcionando o próprio país, porque o setor financeiro não disponibiliza dados sobre isso”, adverte. “Então, qual atividade que a gente está financiando? Não sei. Eles [o governo] não sabem, ninguém sabe.”