Bolívia e o protesto popular

Foto: Nodal.

Por Elaine Tavares. 

Desde a madrugada teve início o trancamento de estradas em todo o território da Bolívia no protesto popular contra mais um adiamento das eleições gerais. Na semana passada os movimentos sociais e sindicatos realizaram marchas de um dia exigindo a manutenção do pleito para setembro, mas não foram escutados. No final do dia os manifestantes realizaram um cabildo aberto (assembleia popular) na cidade de El Alto onde decidiram pela parada nacional deste três de agosto. 

Assim, a partir da zero hora de hoje foi dado o início do protesto que tem como palavra de ordem a defesa da vida e da democracia na Bolívia. A proposta é parar tudo, bloquear as estradas e organizar mais uma grande marcha, desta vez envolvendo os nove departamentos do país.

A vida dos bolivianos virou de ponta cabeça com o golpe de novembro de 2019, quando Evo Morales acabou renunciando e o país ficou nas mãos dos militares. O alegado motivo do golpe – fraude nas eleições que reconduziam Evo e Linera à presidência – já foi mais do que refutado. Não houve fraude. Ainda assim, Evo Morales está banido do país, denunciado como criminosos e a presidenta golpista já adiou as eleições três vezes: de janeiro para maio, de maio para setembro e agora para 18 de outubro.

O argumento do Tribunal Supremo Eleitoral é de que setembro será o pico da pandemia, mas os bolivianos denunciam que esse pico já foi anunciado dezenas de vezes, e sempre para as datas das eleições. Também denunciam que o governo deliberadamente não têm definido políticas de contenção dos contágios, fazendo com que as mortes aumentem cada vez mais e cresça o medo entre a população.

Com o “paro nacional” organizado pelas centrais sindicais e movimentos sociais os bolivianos pretendem pressionar o governo para manter a data de seis de setembro, encerrando de vez o ciclo autoritário inaugurado com o golpe e definindo um governo que enfrente verdadeiramente a crise sanitária e econômica vivida no país. Segundo os dirigentes do paro, o povo boliviano foi deixado à deriva na pandemia, são 80 mil casos e três mil mortes até agora, e não há outra saída que não a luta.

Fonte: IELA.

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