Basta ignorar o golpe de 1964 (como quer Múcio)? Por Luis Felipe Miguel.

José Múcio Monteiro, ministro da Defesa. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por Luis Felipe Miguel.

Basta ignorar o golpe de 1964 (como quer Múcio)?

Não, claro que não.

Comemorar a instauração da ditadura é obviamente inaceitável. Mas simplesmente fingir que ela não aconteceu não resolve muita coisa.

É preciso falar sobre a ditadura, lembrar de seus crimes, reforçar o repúdio a ela. Em vez de optar pelo silêncio, o governo podia chamar uma rede de TV e dar uma pequena aula de memória histórica: para nunca mais acontecer.

Contra esta ideia, afirma-se que não se pode melindrar os militares.

Por quanto tempo pretendemos conviver com militares que julgam que podem cercear as ações do poder civil? Pior ainda: por quanto tempo pretendemos conviver com militares que se sentem melindrados com a defesa da democracia e o repúdio ao terrorismo de Estado?

Na verdade, o repúdio à ditadura devia ser pré-requisito para qualquer um que quisesse ascender ao oficialato superior.

Claro que é difícil pensar nisso quando o ministro da Defesa nomeado por Lula é alguém que apoiou o regime militar – e, até onde se tem registro, nunca fez uma autocrítica desta posição.

 

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