Nesta quarta-feira (12) o ex-secretário especial de Comunicação da Presidência da República, Fábio Wajngarten, está prestando depoimento à CPI da Covid desde o início da manhã. Ele é a quinta testemunha a comparecer a Comissão que investiga a condução do governo federal na pandemia de covid-19.
Um dos assuntos que causou polêmica hoje foi a demora do governo na compra de vacinas da Pfizer. Em entrevista à revista Veja, o ex-secretário disse que a delonga na compra dos imunizantes ocorreu por “incompetência e “ineficiência” do então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Após afirmar que não tinha dado a declaração à Veja, o periódico divulgou o áudio de trecho da entrevista concedida à publicação por Wajngarten. A entrevista, que motivou a convocação dele pela CPI.
A sessão foi regada por bate bocas, xingamentos e pedidos de prisão. As contradições nas respostas levaram senadores a pedir a prisão imediata do ex-chefe da comunicação do Planalto. Mas foi negada pelo presidente Omar Aziz(PSD-AM). A prisão em flagrante é uma prerrogativa das comissões de inquérito e a ordem deve partir do presidente do colegiado.
Flávio Bolsonaro (REP-RJ) diz que outros depoentes também mentiram na CPI e citou o ex-ministro Henrique Mandetta. Logo em seguida, ele entra em discussão com o relator Renan Calheiros (, senadores proferem ofensas.
Acompanhe:
Ao ser questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a autonomia na Secretaria de Comunicação, Wajngarten respondeu que nunca sofreu interferência do presidente Bolsonaro na pasta. De acordo com ele, de fevereiro de 2020 até os dias de hoje, a Secretaria publicou 11 campanhas publicitárias sobre a covid-19. “Se tivesse ocorrido qualquer interferência, eu pegaria a minha mala e voltaria para a minha empresa e para a minha família”, defendeu.
O ex-secretário disse que a Secom nunca interferiu nas redes sociais pessoais do presidente Jair Bolsonaro. Veja:
O Brasil não Pode Parar
Os primeiros desentendimentos na CPI foram protagonizados quando o senador Renan Calheiros questionou se o discurso negacionista do presidente Jair Bolsonaro impactava negativamente no comportamento social. Wajngarten que é especialista em comunicação tentou desviar da pergunta. “Então, para cada público alvo, para cada pessoa que recebe a informação, Senador, tem um impacto diferente”, desenrolou.
Wajngarten, disse que a Secom promoveu peças publicitárias para informar a população sobre a doença, e que uma das ações contou com o apresentador Otávio Mesquita.
Mas que não lembrava de um peça com o mote: “O Brasil não pode parar”. A ação, de março de 2020, publicada nas redes oficiais do governo, inclusive da Secom, foi retirada do ar após críticas por desencorajar o distanciamento social.
Pfizer
Na CPI, Wajngarten negou que a Pfizer ofereceu 70 milhões de doses da vacina ao Brasil. O ex-secretário havia informado o número à Veja. Segundo ele, na negociações a pfizer ofereceu 500 mil doses do imunizante. “Oxalá a gente tivesse 70 milhões, infelizmente nunca foram disponibilizadas 70 milhões”, disse.
Wajngarten também negou que tivesse as cartas de negociação com a Pfizer como foi divulgado em sua entrevista veiculada pela Veja. De acordo com ele, as cartas estão em posse da Secretaria de Comunicação, que hoje pertence ao ministério de Comunicação, em um computador do órgão. “Todas as minhas trocas de informação estão no computador da Secom […] Se alguém logar com a minha senha de usuário no computador da Secom lá, o senhor vai encontrar, Senador.”, revelou.
A carta de negociação das 500 mil doses da fizer esperou por dois meses a resposta do Ministério da Saúde do Brasil, segundo Wajngarten a correspondência chegou em 12 de setembro e até o dia 9 de novembro ainda não tinha sido respondida.
O Senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vice-presidente da CPI, disse que em setembro a carta foi recebida em setembro e chegou ao conhecimento do secretário em novembro. Wajngarten afirmou que nenhuma das autoridades responderam a Pfizer dentro deste período. “Durante dois meses que chegou a carta oferecendo vacinas ao Brasil, ninguém respondeu”.
Senadores acusam Wajngarten de mentir na CPI
Com as contradições das respostas de Wajngarten, o colegiado cogitou pedir a prisão do ex-secretário por possíveis declarações falsas sob juramento. Os senadores também informaram que vão pedir os áudios a revista Veja para comprovar se Wajngarten mentiu na CPI ou na entrevista que foi publicada no dia 22 de abril.
“Todo mundo está aqui por uma qualidade. A única que não chega aqui é menosprezar minha inteligência nas suas respostas”, disse o presidente Omar Aziz (PSD-AM) ao contestar as respostas do depoente.
Aziz também lembrou que o motivo do comparecimento do ex-secretário à CPI foi pelas declarações que ele deu na entrevista.
“Sr. Fábio, o senhor só está aqui por causa da entrevista da revista Veja; senão, a gente nem lembraria que o senhor existiu. Você está me entendendo? Só por causa disso. Não tem outra razão para você estar aqui”, disse.
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