Ao derrotar eleitoralmente as forças da direita pró-imperialistas na Venezuela, os bolivarianos chavistas deram a todos os lutadores sociais do campo popular na América Latina e em todo o mundo uma das mais grandiosas lições de como travar a luta pela construção de sociedades mais dignas, justas e soberanas. Isto tudo, evidentemente, do ponto de vista das maiorias trabalhadoras.
Para confrontar e derrotar as forças alinhadas com as diretrizes do grande capital dos centros hegemônicos e de seus sócios coadjuvantes locais, os revolucionários bolivarianos sabiam que precisavam dispor não apenas de um sistema eleitoral imune à manipulação dos grandes grupos econômicos, mas também teriam de contar com um elevado nível de consciência das maiorias populares e com a edificação de sólidas estruturas de organização e luta.
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Por isso, deu-se muita atenção à reformulação do aparelho do Estado com vista a torná-lo mais afinado com os interesses do conjunto da população e não apenas com os de suas classes dominantes. Quanto a isto, o bolivarianismo venezuelano foi muito além do que quaisquer outras forças latino-americanas (com a honrosa exceção de Cuba, logicamente) haviam se aventurado.
Neste sentido, o papel das Forças Armadas passou por uma drástica metamorfose. De sua costumeira função de atuar como baluarte da sustentação dos privilégios das classes dominantes latino-americanas, na Venezuela chavista sua reorientação foi tão significativa a ponto de passarem a representar quase que o oposto do que tem sido habitual. Assim, hoje em dia, a defesa do processo revolucionário em curso incorpora também as bases das forças militares, policiais e as milícias populares. Cabe ressaltar que, na Venezuela, o conceito de milícia não tem nada em comum com o banditismo expressado pelo termo em sua conotação associada ao bolsonarismo brasileiro.
Por sua vez, o sistema eleitoral venezuelano foi submetido a profundas transformações, que o tornaram no mais confiável e fidedigno entre todas as nações de nosso planeta. Nas eleições realizadas na Venezuela, há absoluta garantia de que os votos dos eleitores serão fielmente respeitados na divulgação dos resultados oficiais. Portanto, o presidente Nicolás Maduro estava coberto de razões quando afirmou que o sistema eleitoral venezuelano é superior ao que está vigente no Brasil na atualidade. Na Venezuela o sistema eleitoral incorpora todas as virtudes do processo digital do modelo brasileiro, e vai muito além. Quanto às peculiaridades de seu funcionamento, gostaria de propor a releitura de um artigo a respeito que publiquei em maio de 2021, cujo link é: https://desacato.info/como-barrar-a-nova-tentativa-de-bolsonaro-de-tumultuar-as-eleicoes-por-jair-de-souza/
No entanto, no transcorrer dos enfrentamentos em função de sua disputa eleitoral do momento, as forças revolucionárias bolivarianas da Venezuela também estão nos proporcionando valiosas lições de como não se render às pressões, coações e chantagens provenientes de representantes do imperialismo estadunidense e de seus serviçais da extrema direita local. Os revolucionários venezuelanos nos estão deixando muito clara a importância de manter a cabeça erguida e não sucumbir diante das ameaças das máquinas de triturar reputações que os meios de comunicação a serviço do capital põem em marcha quando desejam fazer valer suas posições. Ao não ceder e nem se render, os bolivarianos nos ensinam a compreender o valor da dignidade e da luta.
Outra valiosíssima contribuição extraída das circunstâncias atuais é o desmascaramento da falsa esquerda, aquela que atua como verdadeira quinta-coluna do imperialismo e do neoliberalismo no seio das forças populares. Alguns dos expoentes dessa escória chegam até mesmo a se autoconsiderarem e autodenominarem como de esquerda e socialistas, quando, na verdade, não passam de lambe-botas das oligarquias e do imperialismo. Portanto, este é um momento de importância crucial para que saibamos quem são os farsantes infiltrados entre as forças populares de esquerda.
Sendo assim, considero que é um dever imperioso de todo humanista e revolucionário sincero prestar solidariedade ao povo bolivariano da Venezuela nesta hora em que a Revolução Bolivariana está sofrendo um violento assédio por meio de todos os instrumentos de agressão do imperialismo, de seus serviçais declarados e da “esquerda” neoliberal pró-imperialista.
Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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