Por Ana Carolina Caldas.
“Ratinho Junior, que vergonha, é o servidor que constrói o Paraná”, diziam os mais de 30 mil servidores públicos em greve que se reuniram em grande Ato unificado na manhã desta terça (9). O governo do Paraná tem uma dívida de reposição com o funcionalismo de 17%, que é decorrente do congelamento de salários desde 2016. Além desta reivindicação, o movimento grevista pede melhorias nas condições de trabalho para cerca de 30 categoriais profissionais que estão em greve desde o dia 25 de junho. Na semana passada, Ratinho Junior apresentou uma proposta de reajuste no valor de 0,5%, e nesta semana propôs 2% para ser pago em janeiro. As propostas só fizeram o movimento crescer em protesto. Na parte da tarde, milhares de servidores ocuparam a Assembleia Legislativa.
Uma caminhada até o Palácio Iguaçu teve à frente as esposas dos policiais que, por lei, não podem fazer greve. Além delas, familiares que lá estavam para apoiar o movimento. Izabel Neves esposa de um policial que segurava uma faixa com os dizeres “policial e bombeiro militar também tem que levar pão para sua família. Data base já”, garantiu que não arredarão o pé enquanto o governador não apresentar uma proposta decente. “Quando ele era deputado foi para cima da ex governadora que queria dar 1% e ele propôs e defendeu aumento de 2,5%. Por que agora ele com a máquina na mão promete 0,5%. O que vamos fazer com isso”, questiona Izabel. Para ela, o governador enganou o povo na campanha eleitoral. “ Isso é promessa de campanha. Ele prometeu para mim, para o povo e não está cumprindo. ”
Enquanto a caminhada acontecia e chegava até a frente das portas do Palácio, uma comissão de servidores conversava com representantes do governo na terceira mesa de negociação que acontece desde o dia 25. Além desta reunião, outra acontecia em paralelo na Secretaria de Educação, sobre demandas especificas dos professores.
“Fora, Feder”, pediam professores durante o ato
O professor de História e representante da APP sindicato, núcleo Curitiba Norte, Fabiano Stoiev, explicou que ”as propostas apresentadas pelo Governador não satisfazem os servidores, pois é uma defasagem salarial que tem prejudicado a vida dos trabalhadores. A situação é bastante grave por isso a greve.” Além disso, “há um descaso por parte do Secretário da Educação com as nossas demandas.”
No ato, muitas faixas denunciando que o Secretário estava em férias viajando no meio da greve deram o tom de indignação dos professores. Em nota, a APP sindicato justifica o pedido pela demissão de Renato, por considerar que o Secretário tem interesses mercadológicos na educação. “Renato Feder, empresário, assumiu a Secretaria de Estado da Educação (Seed) em janeiro e não tem experiência com educação pública e quer estabelecer uma política empresarial nas escolas estaduais. A secretaria, sob seu comando, pretende realizar uma prova para contratação de professores (as) temporários e a APP-Sindicato denúncia que os custos deveriam ser investidos em realização de concurso público, já que são mais de 30 mil profissionais temporários atuando hoje somente na educação,” diz a nota.
Ocupação na Assembleia
Os servidores permanecem acampados no Centro Cívico aguardando o resultado das negociações feitas na manhã desta terça. Radicalizando movimento já que nenhuma proposta vem do governo, milhares de servidores entraram hoje na Assembleia Legislativa e prometem que só sairão de lá quando uma proposta viável aparecer.