Por Victor Farinelli, Chile, Especial para a Fórum.
Na manhã desta sexta-feira (15), a praça que ainda é chamada oficialmente como Praça Itália, no centro de Santiago, amanheceu com uma instalação de enormes lonas brancas cobrindo a totalidade do seu espaço e um cartaz pendurado na estátua do general Baquedano com a palavra “PAZ” em letras garrafais.
O cenário foi montado horas depois de oficializado o acordo histórico entre parlamentares governistas e opositores para a realização de um plebiscito que definirá a fórmula para se realizar a nova constituição do país – que sepultará definitivamente a atual, imposta em 1980 pelo ditador Augusto Pinochet.
O acordo entre o governo e a oposição foi possível depois que o presidente Sebastián Piñera, cedendo à pressão das ruas, aceitou que a assembleia constituinte fosse uma das opções de fórmula constitucional que constará no plebiscito, que deve ser realizado em abril de 2020.
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Apesar de nenhum grupo ou organização ter assumido a autoria da instalação pela paz, segundo alguns meios da imprensa chilena afirmam que teria sido obra de um grupo de amigos ligados a entidades juvenis de partidos de direita como UDI (União Democrata Independente) e Evópoli (Evolução Democrática), especialmente por promover a ideia de que o recente acordo pela nova constituição deveria significar o fim dos protestos diários no país, que acontecem desde o dia 18 de outubro.
Ao menos nesta sexta-feira, esse pedido não terá sucesso, pois já está convocada uma grande manifestação na mesma praça, que deverá ser o termômetro da aceitação popular ao acordo desta quinta-feira, e acontecerá na mesma praça, que os meios de comunicação ainda chamam de Praça Itália, mas que os manifestantes passaram a denominar como Praça da Dignidade – inclusive foi instalada uma placa especial para rebatizar o local.