Após 16 anos de espera, homem ganha na justiça direito a pensão por morte de companheiro, mas morre antes da sentença e quem recebe é a mãe

Mesmo após liminar concedendo o pagamento a universidade recorreu da decisão arrastando o processo por mais de uma década

Foto: Divulgação

Um caso que se arrastou na justiça por 16 anos teve um desfecho inusitado na última semana. Em 2004, Sérgio Martins Floriani moveu ação de pensão por morte e reconhecimento de união estável com o companheiro Carlos Henrique Lopes, que era professor Universidade Federal do Pará (UFPA). No meio da ação, que se arrastou por 16 anos, Sérgio também faleceu, por isso a sua mãe, de 82 anos e única herdeira viva, foi quem recebeu o valor da pensão. A decisão foi proferida pela Justiça Federal do Pará e o valor pago foi equivalente a seis meses de salário do professor universitário.

Segundo a advogada que defendeu Sérgio, Margareth Hernandes, presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e de Gênero da OAB/SC, e secretária adjunta da Comissão Especial Da Diversidade Sexual e Gênero OAB Nacional, o casal estava junto há mais de seis anos, mas quando Carlos morreu o casamento homoafetivo ainda não era judicialmente reconhecido o que dificultou o processo de solicitação da pensão.  A advogada diz que chegou a ganhar uma liminar determinando o pagamento, mas universidade recorreu e o processo se arrastou por mais dez anos. 

“Ingressamos com a ação em 2004 e o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar ocorreu apenas em 2011, com a decisão do Supremo Tribunal Federal. Mas mesmo após o reconhecimento da união estável a universidade seguiu recorrendo da decisão do pagamento”, explicou a advogada.  “Infelizmente, a união entre casais homoafetivos ainda enfrentam muitos obstáculos”.

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