Agora está na eternidade, na avenida da saudade! Morre Tantinho da mangueira, o samba está de luto

Um dos grandes baluartes do samba se foi, infelizmente Tantinho da mangueira não resistiu a uma queda no domingo de Páscoa (12) em sua casa e faleceu.

Imagem: Júnior ZL

Nascido e feito no morro de Santo Antônio na Mangueira, Davani Ferreira de 73 anos, o Tantinho da Mangueira, nasceu para o samba, o pai era calangueiro e a mãe fazia parte das ala das baianas, de infância difícil como todo jovem negro, o garoto lutou para sobreviver, era comum passar na casa de Nelson Sargento, Dona Neuma e Xangô da Mangueira para filar uma bóia. Foram anos árduos mais não sem felicidades, aos cinco anos começou a desfilar na Estação Primeira de Mangueira, a atração com o samba foi voraz e temperado nesse ambiente o jovem tornou-se poeta e com treze anos passando pelo crivo do Cartola, entrou na ala de compositores da escola.

Aprendeu com grandes mestres como Padeirinho, e fez-se exímio partideiro, assíduo frequentador das rodas de partido-alto no Buraco Quente, Chalé e Três Tombos, comunidades que também integram o morro, Tantinho fez parte de um período de grande efervescência do samba, quando roda de partideiro muitas vezes só terminava quando a polícia chegava.

Compositor de sambas lindos como Neuma e Vem rompendo o dia, ganhou duas vezes o Prêmio da Música Brasileira, como melhor cantor e melhor álbum de samba. Chegou a fazer parte do grupo Originais do Samba, mas não gostava de viajar e saiu do grupo, o motivo, não queria sair do morro para ir em São Paulo tocar, em outra oportunidade Xangô da Mangueiro o convidou para ir para o Japão, ele respondeu, “o que vou fazer lá”, assim era Tantinho, ligado intrinsecamente as rodas de partido alto e a escola, só se afastou no fim dos anos 70, segundo ele:

— A partir desta época, malandro começou a invadir as favelas. Gente de outras comunidades. Chegaram uns caras lá e me estranharam. Ameaçaram-me com uma arma. Logo eu, que sempre falei o que queria na Mangueira. Então eu fui embora e botei na cabeça que precisava trabalhar em outras coisas para poder comprar uma casa para a minha família.

Voltou só mais tarde, quando segundo ele, já estava com a vida arrumada, Tantinho foi portador da memoria não só da mangueira, mas do samba. Possivelmente era o sambista que mais conhecia sambas de terreiro da escola, muitas composições que nem mesmo foram gravadas. Foi um importante bastião do samba e estabelecia fios de continuidade com um passado pouco documentado. Vai deixar saudades!

Abaixo um vídeo de Tantinho cantando Sempre Mangueira de Geraldo Queiroz e Nelson Cavaquinho.

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