“Absolutamente inaceitável”: MP que dá poderes a Weintraub é condenada no Congresso

O texto, que entrou automaticamente em vigor nesta quarta-feira (10), dá poderes a Abraham Weintraub e exclui a necessidade de consulta a professores e estudantes ou a formação de uma lista para escolha dos reitores durante o período em que durar a pandemia.

Foto: Valter Campanato / Agência Brasi

A notícia de que a Medida Provisória (MP) 979/20) que permite ao ministro da Educação escolher reitores temporários das universidades e institutos federais havia sido novamente editada foi recebida com repúdio no Congresso. O texto, que entrou automaticamente em vigor nesta quarta-feira (10), dá poderes a Abraham Weintraub e exclui a necessidade de consulta a professores e estudantes ou a formação de uma lista para escolha dos reitores durante o período em que durar a pandemia.

“A MP ditatorial contra universidades e institutos federais é absolutamente inaceitável, fere de morte a democracia e autonomia das instituições. Não a interventores, sim à comunidade acadêmica”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), que avisou que o partido entrará como uma ação para sustar a decisão do governo.

A partir de suas redes, o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) chamou atenção para mais um desmando do presidente brasileiro. “A linha do governo Bolsonaro é aproveitar a pandemia para ‘passar a boiada’. Dessa vez, querem proibir eleição de reitores nas universidades e institutos federais, por meio da MP 979. O governo quer aparelhar com bolsonaristas todas as instituições, da PF às universidades”, acusou.

João H. Campos (PSB-PE) alertou que, no fim de dezembro, Bolsonaro editou MP sobre o mesmo tema, mas o texto perdeu validade por não ter sido votado no Congresso “O ministro Weintraub se aproveita da pandemia para interferir na escolha dos reitores temporários das universidades federais. É a segunda vez que tentam emplacar essa medida arbitrária de intervir na autonomia e na democracia da gestão das universidades”.

Colega de Campos, o deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) confirmou que o partido pedirá a extensão dos mandatos dos atuais reitores até o fim da pandemia e a retomada da escolha pela comunidade no pós-emergência sanitária.

No PSOL, os deputados Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) e Ivan Valente (PSOL-SP) anunciaram ações para revogar a medida. “O PSOL, ao lado da oposição, apresentou ofício suprapartidário que exige devolução imediata da MP 979, pela qual Bolsonaro ataca a autonomia universitária, transferindo ao decrépito Weintraub a nomeação de reitores em Universidades Federais. O Congresso não pode aceitar este impropério!”, declarou Valente.

“Encaminhamos, junto a outros partidos da oposição, solicitação ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, para que devolva a MP inconstitucional que promove intervenção nas Universidades Federais. Iniciativas jurídicas também estão sendo construídas”, reiterou Rodrigues.

Prometendo reação, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) declarou que ataques à democracia “não serão mais aceitos”. “Há pouco me reuni com as Frentes em Defesa das Universidades e Institutos Federais junto com entidades como Conif [Representamos os reitores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica), União Nacional dos Estudantes (UNE), SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e Fasubra [Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil] contra essa medida inconstitucional”.

No Senado, Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Fabiano Contarato (Rede-ES) também reagiram. “Somente durante as ditaduras militares, reitores eram impostos dessa forma. Pela MP 979, não haverá processo de consulta à comunidade escolar ou acadêmica, ou formação de lista tríplice para a escolha de reitores. Vamos trabalhar pela derrubada do texto no Congresso”, declarou a senadora maranhense.

“Bolsonaro se vale da pandemia para dar o mais duro golpe na autonomia das universidades, dando ao ministro da Educação a autoridade para convertê-las em antros obscurantistas do olavismo e de negação da ciência!”, opinou Contarato.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.