Por Juan Luis Berterretche.
“The Economist” órgão do capital financeiro britânico aconselha a os brasileiros para votar em Aécio o 26 de outubro. A autoridade de seu conselho econômico baseia-se em 14 anos (2000-2014), seguidos do aumento da desigualdade social na Grã-Bretanha.
A revista britânica “The Economist” desta semana, em sua edição para a América Latina, trouxe uma reportagem tratando das eleições no Brasil. Em seu texto, a publicação afirma que Aécio Neves (PSDB) “merece vencer” o pleito que disputa com a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT). A recomendação é feita em matéria com o título “Porque o Brasil precisa mudar”. “Se o Brasil quer evitar outros quatro anos de deriva, é vital que ele [Aécio] tenha êxito”, afirma a reportagem que acusa a gestão de Dilma Rousseff de estagnar a economia e diminuir o progresso social /1.
“The Guardian” entretanto relata que de acordo com o Relatório Global de Riqueza de 2014 do banco Credit Suisse: “Considerada em seu conjunto, a metade de baixo da população global detém menos de 1% da riqueza total. Em contraste, os 10% mais ricos concentram 87% da riqueza mundial, e o 1% dos mais ricos contabiliza 48% dos ativos mundiais” /2.
Ativistas antipobreza da organização Oxfam apoderaram-se destes resultados. No início do ano, eles haviam publicado uma pesquisa que mostrava que as 85 pessoas mais ricas ao redor do globo partilham uma riqueza combinada de 1 trilhão de libras esterlinas, nada menos do que os 3.5 bilhões mais pobres da população mundial.
“Estes números dão provas de que a desigualdade está extrema e crescendo, e que a recuperação econômica após a crise financeira tem ocorrido em favor dos mais ricos. Nos países pobres, o aumento da desigualdade significa a diferença entre os filhos terem, ou não, a oportunidade de ir para a escola/universidade e pessoas doentes de receber, ou não, medicamentos que salvam vidas”, disse a chefe Emma Seery, da Oxfam.
“Na Inglaterra, os sucessivos governos não conseguiram se ‘familiarizar’ com o aumento da desigualdade. Este relatório mostra que os menos capazes em termos financeiros pagaram o preço da crise enquanto que mais riquezas inundaram os cofres dos mais ricos”.
Embora a desigualdade tenha crescido em muitos países fora do G7, dentro do grupo das economias mais desenvolvidas foi somente na Inglaterra que ela, a desigualdade, aumentou desde a virada do século.
“Somente um destes países, a Inglaterra, registrou uma desigualdade crescente ao longo de todo o período de 2000 a 2014, e somente três mostraram um aumento após 2007: França, Itália e Inglaterra”, diz o relatório /3
A principal revista econômica dos campeões europeus da desigualdade social no século XXI se considera com o direito de aconselhar os cidadãos brasileiros por motivos econômicos em quem votar para presidente. E a mídia do capital financeiro brasileiro reproduziu a opinião do The Economist como se fosse palavra santa.
No crescimento da desigualdade na Inglaterra têm responsabilidad os primeir ministros trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown, por suas várias intervenções militares criminosas ao serviço dos EUA e as despesas em armamento; e o uso de dinheiro público para salvar os banqueiros falidos pela crise.
Como tambem o atual primeiro ministro conservador David Cameron, descendente de quatro gerações de financistas: desde fortunas acumuladas na especulação no mercado de grãos de Chicago, passando pelos bisavôs e avôs banqueiros e corretores de bolsas de valores nas últimas três gerações. Também não faltam para completar seu pedigree, antepassados na classe parasita da nobreza, porque é descendente direto do rei Guilherme IV da Inglaterra com uma amante e atriz irlandesa. É esta gentalha do capital financeiro a que quer se imiscuir -através da sua revista ícone- nas eleições brasileiras. Sonham com Armínio Fraga como ministro da Fazenda do Brasil.
18 de outubro, 2014
Notas
1/Revista britânica diz que Aécio “merece vencer as eleições” em, 16 10 2014
http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2014/10/16/interna_politica,580391/revista-britanica-diz-que-aecio-merece-vencer-as-eleicoes.shtml
2/Jill Treanor Richest 1% of people own nearly half of global wealth, says report The Guardian 14 10 2014.
http://www.theguardian.com/business/2014/oct/14/richest-1percent-half-global-wealth-credit-suisse-report
3/Relatorio Global de Riqueza 2014: o 1% dos mais ricos detem a mitade da riqueza mundial Desacato.info 17 10 2014
http://desacato.info/mundo/relatorio-global-de-riqueza-de-2014-o-1-dos-mais-ricos-detem-a-metade-da-riqueza-mundial/