“A minha poesia é flecha e dor”: a luta das mulheres indígenas contra o racismo

Eva Potiguara. Foto: redes sociais/reprodução

Entrevistamos hoje (21) no JTT – A Manhã com Dignidade, a Profa Dra. Evanir Pinheiro. Eva é Potiguara por parte do tronco da avó paterna (RN) e Tupinambá por parte do avô materno (PB). É professora, escritora, poeta e contadora de história. Possui graduação em Artes Plásticas, Mestrado e Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Produtora cultural da Ep Produções, tem 5 livros solos publicados e é membro de várias academias de Letras e associações literárias no Brasil e na Europa. É Articuladora do Mulherio das Letras Indígenas e do coletivo indígenas do contexto urbano no Rio Grande do Norte.

Eva Potiguara diz que os povos indígenas sofrem o racismo de uma forma que, muitas vezes, é invisível, é silenciado quando se nega a própria existência indígena. “Eu fui gerada por raízes profundas, enterradas na sombra de mulheres silenciadas, elas me benzem com a luz dos seus olhares, a minha poesia é flecha e dor”, diz Eva. Sua poesia é de denúncia e contestação, mostra a importância de falar para existir, já que por muito tempo seus antepassados se calaram para sobreviver. Sua poesia, como ela diz, não é para agradar, é subversiva.

Escritora indígena e grande defensora de que a escrita da mulher indígena ganhe visibilidade. Não foi fácil para Eva enfrentar os diversos obstáculos para chegar à universidade e subverter a noção racista de que o indígena é uma segunda categoria de ser humano, que não pode ser doutor, escritor, etc, por isso diz que “quando a gente não encontra porta a gente quebra, a gente arromba, a gente invade, ninguém vai deixar de nos ouvir não”

Segundo Eva não há como desconectar a luta indígena da vida na cidade, os povos indígenas em contexto urbano defendem uma grande articulação para garantir as futuras gerações. A luta pela retomada dos territórios indígenas vai para além da conquista do direito à sua terra ancestral, mas é ressuscitar essas mulheres, mães, avós, bisavós, estas que “nos encantam, nos orientam, nos abençoam e nos benzem”, diz Eva.

Dia 25 de novembro será lançada uma obra literária com mais de 80 escritoras de todas as regiões do Brasil de mais de 20 etnias. O livro será totalmente gratuito, para que a história desse território contada por mulheres indígenas seja compartilhada com o maior número de pessoas

“A minha poesia é de muitas vozes (…) Meus ancestrais vivem em mim, na poesia das estações, nas montanhas irmãs, abraçadas as pedras esculpidas pelo tempo e pelo sangue que jorra sem fim”

Siga a Eva nas redes sociais: @evapotiguara

Assista à entrevista completa no link abaixo:

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